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Americanos brancos tendem a ver os americanos negros de forma mais amistosa, na medida que a imigração de latinos aumenta

Editores | 30/04/2022 17:11 | CULTURA E SOCIEDADE
IMG Michelle Frankfurter

Uma pesquisa recente do The Washington Post analisou como as atitudes dos americanos brancos em relação aos hispano-americanos e negros americanos sofreram alterações desde 1970 até 2010. 

Nessa pesquisa “os cientistas sociais observaram que, à medida que os grupos de imigrantes crescem, o preconceito em relação a eles geralmente aumenta. Estudos estabeleceram, por exemplo, que em áreas dos Estados Unidos onde a imigração do México aumentou, os americanos brancos tendem a ver os latinos de forma mais negativa – acreditando em uma narrativa sobre uma ‘invasão latina’”, segundo a publicação do Washington Post.

O estudo também identificou uma dinâmica de “soma zero” na verificação de como a crescente proeminência de um grupo desfavorecido afeta a posição de outros grupos minoritários, pois, durante o período selecionado, a hostilidade contra os latinos aumentou, enquanto a hostilidade contra os negros americanos diminuiu. 

A situação de “estrangeiro” parece ser um fator decisivo em relação às descobertas da pesquisa. Conforme a publicação do jornal, “o efeito parece ser causal: nas partes do país que tiveram mais imigração, tanto as visões negativas dos latinos quanto as visões positivas dos negros americanos foram mais fortes. Isso sugere que as fronteiras dos grupos sociais em diversas sociedades não são fixas: o que separa ‘nós’ de ‘eles’ muda dependendo do contexto. E as interações podem ser complexas: notavelmente, à medida que o número de hispânicos aumentou, outros grupos, como americanos asiáticos e americanos muçulmanos, não se beneficiaram da mesma forma que os americanos negros [...]. A pesquisa sugere que é porque os americanos brancos viam os americanos asiáticos e os americanos muçulmanos como mais ‘estrangeiros’ do que os americanos negros”.

Para a realização da pesquisa, a equipe explica que houve uma comparação nas mudanças proporcionais da população nascida no México nos estados, condados e setores censitários dos EUA no período entre 1970 e 2010. O preconceito contra vários grupos raciais ou étnicos foi mensurado na utilização dos dados de várias pesquisas representativas de atitudes sociais americanas, principalmente, a partir do “termômetro de sentimento” de uma pergunta feita em ondas repetidas do American National Election Study (ANES). 

“Durante o período estudado, os americanos brancos consistentemente viam os hispânicos de forma mais negativa do que os afro-americanos [...]. No início do século 20, a migração de negros sulistas para cidades do Nordeste e Centro-Oeste serviu para desviar o preconceito dos americanos brancos para longe dos imigrantes europeus, permitindo que italianos, poloneses e judeus russos se assimilassem à branquitude ‘nas costas dos negros’ [...]. Pesquisas mais recentes demonstram uma redução no ódio aos muçulmanos depois que a retórica de Donald Trump diminuiu e foi acompanhada por um crescente antissemitismo na mídia online. Grupos de extrema-direita que visavam os muçulmanos parecem ter desviado parcialmente sua atenção para os judeus”.

Os pesquisadores alertam que os resultados têm implicações para o futuro das relações entre grupos populacionais nos Estados Unidos. Os resultados demonstram que a diversidade e a rápida mudança demográfica podem significar uma maior barreira cultural com o sentimento de diferença se alterando de forma constante no tempo. 

A pesquisa revelou ainda que, a depender do aumento no tamanho ou na importância de um determinado grupo étnico, a posição frente a outros grupos considerados minoritários se alteram de forma correspondente.
“A conclusão sombria é que, enquanto as classificações relativas mudam, as hierarquias de grupo permanecem”.

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