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Grupos negros e latinos pedem boicote ao discurso de Biden em Atlanta pela aprovação da “Lei de Direito ao Voto”

Editores | 15/01/2022 22:39 | POLÍTICA E ECONOMIA
IMG Eric Haynes/Creative Commons

Alguns grupos de direitos civis que apoiaram os democratas na Geórgia durante as eleições de 2020 que elegeu Joe Biden, decidiram boicotar o discurso do atual presidente e sua vice em Atlanta na última terça-feira, dia 11, porque estão desapontados com a falta de ação sobre o direito de voto, segundo a agência de notícias Reuters. Biden e Kamala Harris procuram chamar a atenção sobre a necessidade de se garantir os direitos de voto nos Estados Unidos e para a necessidade de se alterar a “regra de obstrução” do Senado, diante das novas leis apoiadas pelos republicanos que, segundo os democratas, suprimirão os votos das minorias.

Os democratas do Senado buscaram por quatro vezes levar o projeto de lei de direito ao voto ao plenário no ano passado, e foram repetidamente impedidos pelos republicanos, que recorreram à “regra de obstrução”, a qual exige o apoio de 60 dos 100 senadores da Casa Legislativa. 

A “Lei da Liberdade de Votar” (The Freedom to Vote Act) foi apresentada no dia 14 de setembro de 2021 e combaterá, não somente a influência do dinheiro na política, mas também a prática de gerrymandering, que significa redesenhar os distritos eleitorais com vistas a favorecer um determinado partido, diluindo o peso demográfico de uma comunidade em distritos desenhados especificamente para este fim. Como já mencionamos anteriormente, “a lei em discussão também eliminará leis antidemocráticas aprovadas por legislaturas em pelo menos 17 estados. Além disso, esta legislação também busca estabelecer padrões de votação em todo o país para ajudar a neutralizar as leis estaduais que costumam prejudicar as comunidades historicamente sub-representadas, incluindo comunidades negras, bem como eleitores de baixa renda e pessoas com deficiência. Algumas dessas leis estaduais facilitam a fraude, já que funcionários eleitorais e conspiradores poderiam sabotar os resultados eleitorais legítimos. Por fim o principal objetivo da nova lei seria o de salvaguardar os elementos fundamentais da democracia americana”.

Segundo o documento redigido pelo Brennan Center for Justice, um instituto americano para o direito e a política sem filiação partidária, “a Lei da Liberdade de Voto é uma legislação histórica para fortalecer a democracia americana, promover justiça e equidade para todos os americanos, e frustrar a assalto ao direito de voto que ocorre nos Estados. Na esteira das eleições de 2020, uma onda sem precedentes de leis de votação restritivas e esforços de sabotagem eleitoral estão ocorrendo nos Estados, com maior probabilidade de ocorrer este ano. Também estamos no meio de outro ciclo de extrema manipulação partidária. Esses e outros ataques à democracia muitas vezes têm como alvo principalmente as comunidades de cor. O Congresso tem o poder legal e constitucional de evitar esses ataques, aprovando a Lei da Liberdade de Voto, que estabelece padrões nacionais para proteger a liberdade de voto, combater a sabotagem eleitoral, acabar com o redistritamento partidário e consertar nosso falido sistema de financiamento de campanha”.

Segundo a publicação da CNN os grupos de civis que se juntaram pelo boicote, já se organizaram em excursões pelos Estados do Sul para marcar o 60.º aniversário da histórica campanha “Freedom Riders”. Há outros grupos, como o New Georgia Project Action Fund, o Asian American Advocacy Fund e o GALEO Impact Fund Inc., New Georgia Project Action Fund, que representa os latinos, dentre vários outros grupos e lideranças comunitárias, “pediram que Biden e a vice-presidente Kamala Harris permanecessem em Washington na terça-feira se não tivessem um plano claro para avançar na legislação de direitos de voto”.

“Mas a decisão da coalizão de grupos de votação de ignorar o discurso ressalta os riscos para Biden e os democratas de fracasso na legislação de direitos de voto à medida que eleições cruciais se aproximam. Os republicanos, nas legislaturas estaduais de todo o país, endureceram as leis de votação e instalaram partidários do ex-presidente Donald Trump nos conselhos eleitorais. Duas importantes peças de legislação que visam neutralizar essas medidas do Partido Republicano estão paralisadas no Senado, incapazes de superar a regra de obstrução de 60 votos necessários para encerrar o debate sobre um projeto de lei, levando a uma crescente frustração entre os ativistas”, ainda conforme a CNN.

O presidente fez vários discursos sobre direitos de voto desde que assumiu o cargo, mas os democratas do Senado ainda não têm um caminho claro para garantir uma nova medida federal de votação.

A publicação aponta ainda que “o presidente já havia declarado que apoiaria uma mudança de regra sobre a obstrução para aprovar leis de direitos de voto, mas não especificou os parâmetros para as mudanças ou expôs seu raciocínio em detalhes extensivos”. 

Importante notar que Martin Luther King III, sua esposa, Arndrea Waters King, e sua filha, Yolanda Renee King, apelaram para que não cancelassem as comemorações da semana sobre o “Dia de Martin Luther King” (MLK) neste ano (um feriado federal americano anual que celebra o aniversário de Martin Luther King Jr., dia 15 de janeiro), se não houvesse a aprovação da legislação sobre os direitos de voto.

“Os Kings planejam mobilizar ativistas no fim de semana do MLK e marchar pela Frederick Douglass Memorial Bridge em Washington, DC, em 17 de janeiro”, conforme noticiado pela CNN News.

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