O relacionamento entre os democratas do Congresso e os grupos de defesa da imigração tem se tornado cada vez mais tenso desde as últimas eleições, refletindo um deslocamento do partido para a direita em questões de fronteira. Essa tensão se acentuou diante da ofensiva republicana contra as chamadas cidades santuário, levando os ativistas a redobrar seus esforços para evitar que os democratas apoiem medidas restritivas. Para esses grupos, não se opor de maneira firme à nova legislação republicana poderia aprofundar o afastamento entre o Partido Democrata e sua base progressista, além de colocar em risco recursos destinados a comunidades imigrantes, segundo matéria do Politico.
O embate mais recente ocorreu em torno do Laken Riley Act, uma lei impulsionada pelos republicanos e nomeada em homenagem a uma estudante assassinada na Geórgia. O projeto expandiu as infrações criminais que exigem a detenção de imigrantes indocumentados, algo que os defensores dos direitos dos migrantes alertaram que poderia resultar no encarceramento em massa e na deportação de pessoas sem o devido processo legal. Apesar das preocupações, a legislação obteve apoio significativo dentro do Partido Democrata: 48 deputados e 12 senadores da legenda votaram a favor da medida, permitindo sua aprovação e assinatura por Donald Trump em 29 de janeiro, tornando-se a primeira grande lei de imigração de seu segundo mandato.
A próxima batalha legislativa se concentra no “No Bailout for Sanctuary Cities Act”, um projeto republicano que visa cortar financiamentos federais de jurisdições que não colaboram com as autoridades de imigração. Muitas dessas localidades são administradas por democratas, e os ativistas estão pressionando para que o partido se mantenha unido contra a medida. No entanto, há receios de que o número de democratas que apoiam tais restrições aumente, o que colocaria pressão adicional sobre os senadores do partido, tradicionalmente mais resistentes a legislações rígidas de imigração.
O cálculo político para os democratas nos chamados distritos roxos, onde o eleitorado é dividido, continua a ser um desafio. Muitos parlamentares nessas regiões sentem a necessidade de apoiar certas restrições migratórias para evitar serem alvo de ataques republicanos durante a campanha eleitoral. Mesmo assim, a liderança democrata da Câmara tem buscado se opor ao projeto de lei das cidades santuário, tentando evitar novas deserções dentro do partido, ainda segundo a publicação.
Enquanto os democratas ajustam sua estratégia, os grupos de defesa dos imigrantes estão intensificando sua atuação, promovendo reuniões, enviando cartas ao Congresso e realizando eventos para conscientizar autoridades sobre o impacto dessas legislações. Há também um esforço para reformular a narrativa em torno da imigração, conectando a questão às preocupações econômicas que influenciaram o resultado das eleições. Em vez de apenas argumentar contra as políticas do Partido Republicano com base nos direitos civis, os ativistas agora enfatizam como essas medidas podem prejudicar a economia e a estabilidade social, destacando as contradições no discurso republicano sobre crescimento econômico e segurança.
Diante desse cenário, o Partido Democrata busca
equilibrar suas alianças com grupos progressistas e as pressões políticas em
distritos competitivos. A forma como os democratas lidam com essas tensões nos
próximos meses pode definir não apenas sua relação com os eleitores latinos e
imigrantes, mas também o rumo de sua política migratória em um ambiente
político cada vez mais polarizado.