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A busca global do presidente Biden por mais petróleo encontra resistência política.

Editores | 09/04/2022 23:55 | POLÍTICA E ECONOMIA
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A promessa de se atualizar as políticas de investimento em energias renováveis, durante a campanha presidencial de Joe Biden, ganhou novos contornos quando o discurso mudou de rumo nos últimos meses. O presidente anunciou recentemente a proibição das importações de petróleo da Rússia para o país em meio a crescentes pedidos de legisladores bipartidários para que se posicione de forma mais contundente na oposição ao governo russo. 

Os EUA também proibiram as importações de gás natural russo e outras fontes de energia, no momento de maiores esforços do governo em aumentar o fluxo de petróleo, principalmente quando pesquisas demostram a insatisfação e preocupação da população do país com o aumento dos preços da gasolina. 

Do lado democrata, essa mudança gerou preocupações entre os progressistas do partido, que temem um possível recuo do presidente em sua promessa de campanha de fazer transição energética, se afastando da utilização de fontes poluentes, como os combustíveis fósseis. Há um descontentamento também dos democratas em relação às tentativas de a Casa Branca solicitar maior produção de petróleo de países cujos regimes são considerados autoritários, como Venezuela e Arábia Saudita. 

Nos últimos meses, Biden tem trabalhado para fortalecer as relações tanto com esses países, quanto com as companhias petrolíferas estadunidenses, conclamando abertamente que os produtores de petróleo do mundo aumentem sua produção em resposta ao aumento dos preços da gasolina.

Segundo a publicação do The Wall Street Journal, Larry Cohen, presidente do conselho da “Our Revolution” (organização política que surgiu da campanha presidencial democrata de 2016, de Bernie Sanders), observou que “Seja na Rússia, Arábia Saudita, Iêmen ou nas empresas petrolíferas, há 100 anos a política externa baseada no petróleo tem sido um desastre para este país”.

O governo Biden, por meio de seu porta-voz, declarou que a intenção é tomar medidas sensatas para mitigar o efeito dos altos preços do combustível que afetam as famílias americanas.

“Ele deixou claro em comentários recentes que as empresas de petróleo e gás devem ajudar a garantir que o fornecimento de petróleo atenda à demanda e, ao mesmo tempo, em que se precisa avançar nas opções de energia limpa e diminuir nossa dependência de combustíveis fósseis”, conforme o porta-voz da Casa Branca, publicado no jornal.

Samantha Gross, especialista em clima e energia no think tank Brookings Institution observou que “analistas consideram que a situação atual reflete as opções limitadas de Biden para lidar com um déficit de energia que foi precipitado por vários fatores, incluindo a recuperação econômica mundial após a pandemia de Covid-19. Com os preços dos combustíveis mais altos em uma década e com pequena capacidade ociosa, Biden possui poucas opções para se desviar das companhias de petróleo que ele tanto evitou, se referindo a elas como poluidoras climáticas e empresas estrangeiras com histórias duvidosas”, segundo a publicação. 

Além da preocupação com o aumento dos preços da gasolina, o problema incomoda grupos liberais e progressistas, cruciais para as vitórias democratas nos últimos anos. Na Flórida, por exemplo, muitos grupos esperam ver uma postura “linha-dura” na relação com os regimes da Venezuela e de Cuba, independentemente do partido político que eles apoiem, segundo o pesquisador Fernand Amandi, sócio da Bendixen & Amandi International. A aproximação de Biden com o governo de Nicolas Maduro é vista com desaprovação por esse segmento.

Por outro lado, a vitória de Biden em 2020 contou com o apoio da juventude e da comunidade latina, na expansão de políticas orientadas por preocupações climáticas, dentre outras pautas apoiadas por progressistas. Segundo o The Wall Street Journal, “os eleitores progressistas querem que o presidente aborde a inflação, mas sem sacrificar as metas de longo prazo para o clima e os direitos humanos”, segundo representante do grupo “Our Revolution”.

Apesar da necessidade de Biden estimular a produção de petróleo, variável-chave no cálculo político para as próximas eleições, ele deverá deixar claro de que a decisão é pontual, e que não irá se afastar da promessa de diminuir progressivamente a dependência de combustíveis fósseis. Os votos da juventude e dos setores progressistas são essenciais para o projeto de poder do Partido Democrata.

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