No dia seguinte à vitória de Trump, as ações de empresas privadas de prisões subiram, evidenciando a expectativa de expansão dessas instituições para abrigar detentos em processo de deportação. Trump prometeu reformas radicais na imigração, incluindo deportações em massa, militarização da fronteira, aumento da vigilância por inteligência artificial (IA) e penalização de cidades santuários. Esses planos dependem de um crescente complexo industrial de vigilância, que se aproveita da falta de regulamentação para explorar novas tecnologias, muitas vezes com consequências negativas para os direitos humanos, segundo análise publicada pela Just Security.
Destaca-se nessa análise que tecnologias digitais, como drones e algoritmos, já permeiam a gestão migratória, resultando em violações de direitos como privacidade e igualdade. Além disso, a vigilância empurra migrantes para trajetos mais perigosos, aumentando a mortalidade na fronteira EUA-México. Embora algumas dessas iniciativas tenham precedido Trump, a administração dele aprofundou o uso dessas tecnologias, impulsionada por uma indústria bilionária que frequentemente ignora salvaguardas éticas em nome do lucro.
A influência crescente de executivos de tecnologia e parcerias público-privadas na Casa Branca é outro ponto abordado. Essas colaborações obscurecem a transparência e a responsabilidade, permitindo que empresas desenvolvam ferramentas potencialmente prejudiciais. Apesar de esforços regulatórios, como o Ato de IA da União Europeia e convenções internacionais, o texto critica a insuficiência dessas medidas para abordar os impactos humanos das tecnologias em contextos de fronteira. A administração Trump, aliada a líderes do setor tecnológico, demonstra pouco interesse em regulamentar ou priorizar os direitos das populações afetadas.
Importante destacar uma possível "guerra digital contra a migração", onde tecnologias de fronteira são normalizadas e testadas em espaços vulneráveis, como o deserto de Sonora. Essas ferramentas não se limitam às fronteiras, mas também impactam a segurança doméstica e ampliam a vigilância estatal sobre outras áreas da sociedade. Dessa forma, o foco exclusivo em inovação e lucro negligencia as consequências éticas, reforçando desigualdades e riscos para os direitos humanos em larga escala.