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Governo Trump retirou do ar a versão em espanhol do site oficial da Casa Branca

Editores | 29/01/2025 13:02 | POLÍTICA E ECONOMIA
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Poucas horas após a posse do presidente Donald Trump, a administração tomou a decisão de retirar do ar a versão em espanhol do site oficial da Casa Branca, o que gerou confusão e críticas, especialmente da comunidade latina nos Estados Unidos. A página, que anteriormente funcionava como um importante canal de comunicação para milhões de hispano-falantes, passou a exibir uma mensagem de “Erro 404, redirecionando os usuários para conteúdos relacionados à campanha de Trump. Essa decisão, juntamente com a desativação do perfil em espanhol da Casa Branca na rede social X e outras páginas governamentais voltadas à liberdade reprodutiva, levantou preocupações sobre o compromisso do governo em manter um diálogo acessível e inclusivo com a segunda maior comunidade étnica do país, segundo matéria da Associated Press.


Grupos de defesa dos direitos dos hispânicos e especialistas em comunicação interpretaram o gesto como um sinal de exclusão e marginalização. Monica Rivera, uma estrategista de comunicação de origem porto-riquenha e cubana, destacou que a retirada da página em espanhol envia uma mensagem clara sobre a quem o governo prioriza, reforçando um sentimento de exclusão entre os latinos. Anthony Hernandez, um paralegal, considerou a medida um reflexo do que poderia ser um segundo mandato de Trump, onde ações aparentemente menores, mas prejudiciais, seriam implementadas sem grande visibilidade. Para muitos, como Frankie Miranda, presidente da Hispanic Federation, a exclusão da página contradiz a necessidade de engajamento cívico inclusivo, uma vez que o espanhol é a língua preferida de milhões de cidadãos e residentes no país, informou a matéria mencionada.


Embora o governo tenha afirmado, por meio do vice-secretário de imprensa Harrison Fields, que a versão em espanhol do site seria restabelecida em breve, essa explicação foi considerada insuficiente por líderes hispânicos e críticos. Eles questionaram a lógica de desativar uma ferramenta de comunicação crucial em um momento em que a inclusão deveria ser priorizada. Vale lembrar que, durante a presidência de Trump em 2017, a mesma página foi removida com promessas de retorno, mas só foi restabelecida na administração de Joe Biden em 2021.


A retirada da página coincidiu com uma série de ordens executivas do primeiro dia de Trump, incluindo medidas rigorosas contra a imigração ilegal. Entre as ações, Trump declarou uma emergência nacional na fronteira com o México, anunciou o envio de tropas para auxiliar os agentes de imigração e endureceu restrições a refugiados e pedidos de asilo. Essas iniciativas reforçam a postura linha-dura que marcou sua campanha e seu mandato anterior, mas também geraram temores entre defensores dos direitos dos imigrantes sobre o impacto nas comunidades mais vulneráveis.


Com base em estimativas de 2023, cerca de 43,4 milhões de americanos, ou 13,7% da população com mais de cinco anos, falam espanhol em casa. Apesar disso, os EUA não possuem uma língua oficial, o que torna ainda mais significativo o acesso a informações governamentais em múltiplos idiomas. Especialistas como Jeff Le, ex-assessor do governo da Califórnia, argumentaram que a decisão de desativar o conteúdo em espanhol é contraditória, especialmente considerando a necessidade de comunicar mudanças de políticas importantes, como as relacionadas à economia e segurança fronteiriça.


Curiosamente, enquanto a medida atrai críticas, Trump conquistou uma fatia crescente do eleitorado latino, especialmente entre homens jovens. Segundo pesquisas do AP VoteCast, ele obteve mais apoio desse grupo em 2024 do que em 2020, indicando uma maior abertura entre jovens latinos para suas políticas, apesar de ações como a retirada da página em espanhol.


A remoção da versão em espanhol do site da Casa Branca, portanto, simboliza mais do que uma questão técnica. Ela é interpretada como uma declaração política que, para muitos, reforça divisões e levanta questões sobre a verdadeira prioridade do governo em relação à inclusão e ao diálogo com uma das comunidades mais significativas dos Estados Unidos.

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