O governo de Donald Trump anunciou uma revogação significativa nas políticas de imigração que, há mais de uma década, protegiam determinadas áreas sensíveis, como escolas, hospitais e igrejas, de ações de fiscalização. Essa mudança, anunciada pelo Departamento de Segurança Interna (DHS), permite que as autoridades de imigração atuem com maior liberdade, removendo diretrizes estabelecidas em 2011 e 2013 pelo ICE (Immigration and Customs Enforcement) e CBP (Customs and Border Protection), que visavam assegurar que imigrantes indocumentados tivessem acesso a serviços essenciais sem medo de represálias. A administração justificou a medida afirmando que os "criminosos não poderão mais se esconder" em tais locais, mas também destacou confiar no bom senso dos agentes ao aplicá-la, segundo informou o LatinTimes.
Além disso, a nova política restabelece a remoção acelerada em todo o território americano, permitindo que o ICE deporte imigrantes indocumentados que não possam comprovar dois anos de residência contínua nos Estados Unidos, sem a necessidade de audiência judicial. Essa ação é parte de uma estratégia mais ampla de repressão à imigração, em um país onde se estima que cerca de 11 milhões de pessoas vivam sem documentos. O czar da fronteira, Tom Homan, anunciou que os agentes do ICE começariam as operações imediatamente, mas os locais específicos dessas batidas não foram divulgados.
Críticas contundentes foram feitas por defensores dos direitos humanos, que alertaram para o impacto devastador dessa política nas comunidades de imigrantes. O Center for Law and Social Policy destacou que o medo de detenções pode dissuadir pessoas de buscar assistência médica, frequentar escolas ou acessar ajuda em situações de desastre, prejudicando até mesmo crianças cidadãs americanas. Para organizações de defesa, as medidas podem levar ao rompimento de lares e expor crianças a cenas traumáticas, como a prisão de seus pais.
Durante um serviço de oração, a bispa episcopal de Washington, Mariann Budde, fez um apelo ao presidente para reconsiderar suas políticas rigorosas e demonstrar mais compaixão por grupos vulneráveis. Trump, no entanto, desdenhou o sermão, dizendo que não foi emocionante. Em resposta à iminente intensificação das deportações, ativistas e especialistas têm compartilhado orientações nas redes sociais, como a importância de conhecer os direitos básicos, entre eles, não abrir portas sem a apresentação de um mandado judicial válido pelo ICE.
As ações do governo Trump podem gerar consequências globais, conforme aponta um estudo do International Centre for Migration Policy Development (ICMPD). O relatório sugere que o aumento das deportações nos Estados Unidos pode levar a uma nova onda migratória para a Europa, agravando os já consideráveis desafios enfrentados pelos países da União Europeia em questões de migração e políticas de fronteira.
A
mudança de postura do governo americano sinaliza um endurecimento substancial
em sua política migratória, gerando preocupações profundas entre ativistas,
comunidades de imigrantes e aliados internacionais, enquanto promove um debate
intenso sobre os limites do poder estatal e a proteção dos direitos humanos.