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Mulheres latinas se mobilizam na urgência do acesso aos cuidados reprodutivos nos EUA

Editores | 24/07/2022 15:16 | CULTURA Y SOCIEDAD
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Depois que a Suprema Corte derrubou Roe vs. Wade (decisão judicial sobre o dever da Constituição dos EUA em proteger a liberdade individual das mulheres na opção de fazer um aborto sem restrição governamental) há algumas semanas, latinas de todo o país estão organizando ou reestruturando redes de apoio para garantir o acesso aos cuidados reprodutivos, já que as novas restrições afetam de forma desproporcional as famílias hispânicas.

Os trabalhos voluntários cresceram em todo o país formando redes nas quais mulheres oferecem não somente doações em dinheiro, como também outros serviços no intuito de ajudar outras mulheres que necessitam de cuidados e acesso ao aborto. Com quase duas dúzias de estados tornando o procedimento inacessível após decisão da Suprema Corte, grupos de base que alimentam redes de acesso ao aborto dizem que as novas voluntárias e aliados são cruciais em relação à crescente necessidade de atendimentos.

Segundo as organizações voluntárias, as crescentes restrições ao aborto afetam desproporcionalmente as famílias latinas na região sul do país, que responde por 29% do crescimento dessa população, de acordo com os dados apresentados pela NBC.

A organização sem fins lucrativos, a Florida Access Network, por meio de sua diretora executiva, Stephanie Loraine Piñeiro, “que dirige o único fundo para o aborto liderado por pessoas queer e negras no estado”, disse à NBC que “sua organização viu um aumento no apoio e doações. [...] Preenchemos muitas lacunas em uma economia que impossibilita as pessoas de viver e ter suas economias”.

“Quando a organização recebe um pedido de ajuda, eles avaliam que tipos de recursos uma pessoa precisa para ter acesso a um aborto, incluindo ajuda de custo para creche ou gás e outras necessidades. Se a Florida Access Network não for capaz de atender plenamente às necessidades financeiras de uma pessoa, ela contatará outras organizações que fazem um trabalho semelhante em todo o país para ajudar a compensar a diferença, disse Piñeiro” à NBC News.

Enquanto as mulheres em idade reprodutiva de todas as etnias correm o risco de gravidez indesejada, as mulheres latinas e negras enfrentam um risco desproporcionalmente maior, de acordo com pesquisa publicada em 2020 na revista científica Contraception and Reproductive Medicine. Apenas 29 estados e Washington, DC, relatam dados raciais e étnicos sobre aborto aos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, de acordo com o Pew Research Center

A pesquisa demonstra que em 2019, cerca de 66% de todas as mulheres que abortaram eram mulheres negras: “Entre as idades de 15 a 44 anos, houve 23,8 abortos por 1.000 mulheres negras; 11,7 abortos por 1.000 mulheres hispânicas; 6,6 abortos por 1.000 mulheres brancas; e 13 abortos por 1.000 mulheres de outras raças ou etnias”.

De acordo com a publicação da NBC, “em Washington, DC, Daniela Ochoa, da All Above All uma organização sem fins lucrativos que promove o acesso ao aborto a preços acessíveis, doou mais dinheiro para fundos locais de aborto, principalmente os de base”. Segundo Ochoa, “esses grupos de base precisam urgentemente de fundos não apenas para subsidiar os serviços de assistência ao aborto, mas para treinar e integrar mais voluntários”.

No estado da Carolina do Norte a proibição ao aborto ainda não está em vigor, permanecendo a legalidade do ato em todo o estado enquanto os legisladores locais não a aplicarem. De acordo com a NBC, “o Poder NC Action, um grupo progressista sem fins lucrativos, que atua neste estado em prol do direito ao aborto, orienta esforços no sentido de mobilizar eleitores latinos antes das eleições de meio de mandato”. 

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