Segundo pesquisa recente realizada pelo Latino Donor Collaborative (LDC), uma organização sem fins lucrativos, os latinos representam 1 em cada 4 potenciais telespectadores estadunidenses de TV e filmes colaborando com 20% a 30% da receita do setor, dependendo da plataforma, e mais de 50% de seu crescimento.
No entanto, analisando as tendências nos últimos cinco anos, o estudo descobriu que os latinos representaram 5,2% dos protagonistas em filmes, 5,1% dos colíderes/atores de elenco, 3,5% dos roteiristas e 2,6% dos diretores. Dos papéis principais, metade eram representações positivas e metade eram negativas.
Conforme o relatório, “Os latinos dos EUA são amplamente sub-representados na mídia convencional em relação a outros grupos. Esta falta de representação dos latinos é muitas vezes invisível porque os grupos não-anglo americanos são geralmente agrupadas em uma categoria como BIPOC (negros, indígenas e pessoas de cor). [...] A população latina dos EUA é a maior minoria e o grupo mais sub-representado na mídia. Os latinos representam 19% da população americana. No entanto, a representação na tela de latinos em streaming é de 9,29%, na transmissão via cabo é de 2,33%, e em transmissão em inglês, 5,42%”.
O estudo avaliou os considerados 100 melhores filmes anuais nos cinemas e plataformas “top”, bem como programas de TV em horário nobre, originais, novos e recorrentes. Novamente, constatou-se é que os latinos são o maior grupo minoritário e o mais sub-representado na mídia. “Nos programas de TV, os latinos representavam 3,1% dos atores principais, 2,1% dos co-líderes/atores de elenco e 1,5% dos showrunners [criadores do programa]”.
Segundo a NBC News, “Não há CEOs ou latinos presidentes de empresas de cinema e produção, importantes funções de tomada de decisão que ajudam a dar luz verde às histórias e direcionar o conteúdo. Apenas 5,7% dos executivos seniores na produção de shows são latinos”.
Em meio à falta de representação, mais latinos estão se voltando para plataformas de mídia social e marcas de conteúdo, como YouTube, TikTok e Snapchat, segundo o relatório. O relatório também observou que 11 das 20 músicas mais ouvidas do verão, segundo o Spotify, são de artistas latinos.
O relatório argumenta que os níveis atuais de representação latina não são sustentáveis para as empresas de mídia se elas buscarem aproveitar o poder de compra rápido e robusto dos hispânicos, que têm uma idade média mais jovem, 29 anos, do que suas contrapartes não latinas, 38 anos.
Sol Trujillo, cofundador e presidente do conselho o LDC, afirmou em carta que introduz o relatório: “Infelizmente, e com base na invisibilidade dessa comunidade na tela e atrás das câmeras, Hollywood não parece ter uma estratégia para abordar o mercado latino-americano”.
Entre 2010 e 2019, o poder de compra dos latinos aumentou 69%. Em 2019, os latinos representaram 23% de todos os espectadores e compraram US$ 2,9 bilhões (29%) de todos os ingressos de bilheteria vendidos em filmes em inglês.
“De acordo com estudos de mídia de Nielsen e outros especialistas, embora tenha havido um tremendo avanço na diversidade em Hollywood nos últimos anos, a comunidade latina fica para trás em todos os níveis de representação. A falta de estratégia para incluir os latinos, a minoria maior e que mais cresce, se traduz diretamente em dinheiro sendo deixado na mesa e oportunidades perdidas. Queremos ajudar a indústria a resolver esse problema”, disse Ana Valdez, presidente e CEO da Latino Donor Collaborative, no relatório.
Para
impulsionar a contratação de talentos latinos, a organização criou um banco de
dados gratuito, o Latino Source for Hollywood, que inclui 3.000 nomes de
atores, escritores e diretores experientes que trabalharam com as principais
redes ou estúdios nos últimos cinco anos.