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No Musical “Desaparecidas”, Jaime Lozano procura homenagear e celebrar as mulheres mexicanas

Editores | 18/12/2022 14:16 | CULTURA E SOCIEDADE
IMG Foto: Kevin Yatarola/Twitter

Jaime Lozano, um prolífico compositor, arranjador, diretor musical, orquestrador e diretor vindo de Monterrey, México, fala da vida latina através do teatro musical. Jaime conquistou seu bacharelado em música e composição pela Escola de Música da “Universidad Autónoma de Nuevo León” e recebeu uma bolsa integral da “Tisch School of the Arts” da “New York University”, onde tem a distinção de ser o primeiro mexicano a ser aceito e conquistado o mestrado do “Graduate Musical Theatre Writing Program”.


Depois de trabalhar no filme “In The Heights” como orquestrador e uma pequena aparição na adaptação cinematográfica de “Tick, Tick… ​​Boom!” ele agora volta aos palcos com seu novo musical, “Desaparecidas”, que estará por tempo limitado no “Jack”,localizado no Brooklyn.


“Desaparecidas celebra a vida individual das mulheres no México, destacando o desafio de abraçar os costumes culturais enquanto lutam pela autonomia em um mundo perigoso e machista. O livro de Georgina Escobar usa as canções de Lozano e Florencia Cuenca para tecer diversas histórias de mulheres das fronteiras – especificamente, aquelas que desapareceram. Dos desaparecidos aos socialmente invisíveis e aos esquecidos, o espetáculo acontece em um palenque onde o público vivenciará uma ‘aparição’ das histórias dos desaparecidos, junto com algumas pessoas do público sorteadas em um tambor de rifa pelo nosso narrador, uma famosa (e falecida) cantora mexicana conhecida como ‘La Jenni’, segundo o LatinoRebels.


O Latino Rebels entrevistou Jaime Lozano sobre a mostra e seu trabalho. A seguir, trechos desta entrevista:


- Qual foi a principal inspiração por trás do Desaparecidas?

Florencia e eu viemos de duas fortes famílias matriarcais. Mulheres fortes e incríveis nos criaram e elas têm sido nossa inspiração e nossa força. As mulheres são uma parte muito importante do meu trabalho.


A família de Florencia é originária de Ciudad Juárez, México, uma cidade onde ser mulher tem sido realmente um desafio. Nos anos 90, aquela cidade era vista pelos olhos do mundo pelo lamentável motivo de seus terríveis feminicídios. Para este show específico, sentimos a responsabilidade de contar as histórias para homenagear todas essas mulheres - as Desaparecidas.


Mas apesar de esta ter sido a gênese do projeto, não queríamos nos focar na morte, mas sim, celebrar as vidas, celebrar as mulheres e a sua luta. Sou abençoado por ter uma aliada contando essas histórias e tenho aprendido muito com minha esposa Florencia Cuenca, que tem escrito as letras comigo e com nossa incrível escritora de livros Georgina Escobar, que na verdade é de Ciudad Juárez.


- Por que a narradora é uma Jenni Rivera fictícia?

Jenni Rivera é uma cantora mexicana-americana muito famosa que seguiu um estilo musical geralmente dominado por homens —música regional mexicana, música norteña, corridos, narcocorridos etc.— e o tornou para si. Mas também, sua vida pessoal não era mais fácil. Infelizmente, ela também foi vítima dessa sociedade machista. Decidimos usar essa figura feminina forte como nossa personagem principal ou narradora. Ela é quem junta todas as histórias e lidera durante a apresentação.


- Por meio dos personagens e histórias do musical, que soluções, se houver, são apresentadas para combater os perigos do machismo?

Seria muito pretensioso dizer que uma peça, ou um musical, pode dar qualquer solução para qualquer questão. Estamos contando uma história. Estamos sendo o mais honesto que podemos.


As músicas são baseadas em entrevistas com mulheres de Ciudad Juárez próximas a esse assunto. Nós as estamos homenageando. Nós as estamos celebrando.


Como contadores de histórias, nossa missão é contar aquelas histórias que precisam ser ouvidas.


- Para quem não sabe, explique o que é um palenque e qual o significado desse cenário na mostra.

O show se passa em um palenque — uma feira ou rodeio do estado mexicano — um lugar onde pessoas de todas as origens se reúnem para assistir a um show que pode incluir briga de galos e um concerto. Idealmente, seria realizado em um teatro redondo, mas para esta produção temos o público nas laterais.


É um show muito íntimo e envolvente, muito influenciado pela cultura, literatura e música mexicanas. Todas as músicas são totalmente em espanhol, mas para o livro, as cenas são em inglês – e às vezes em “espanglês”. É um experimento.


- Você tem um trabalho incrível, focado principalmente na experiência do imigrante mexicano. Qual é o seu principal objetivo como artista contando essas histórias socialmente conscientes?

Acredito que a primeira regra para escrever deve ser a honestidade, então escrevo sobre o que está próximo de mim - sobre mim, sobre minha família, sobre meus patrícios, sobre minha comunidade. É minha responsabilidade encontrar espaço para nossas histórias e nosso povo.


“Desaparecidas é um musical com música e letra de Jaime Lozano e letra de Florencia Cuenca, livro de Georgina Escobar, e originalmente concebido por Jaime Lozano, Florencia Cuenca e Rachel M. Stevens. Cuenca dirige e também interpreta La Jenni, com coreografia de Gabriela García e direção musical de Jhoely Garay”.

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