Entre a comunidade latina nos Estados Unidos há uma preocupação crescente com a taxa de suicídios de seus indivíduos, principalmente jovens e crianças. O relatório intitulado “Uma análise dos dados mais recentes sobre suicídio e das mudanças na última década”, publicado pela KFF, fonte independente de pesquisas e notícias sobre políticas de saúde no país, apresenta os dados que demonstram o rápido aumento do suicídio entre as nomeadas “pessoas de cor”.
Uma matéria publicada pela NBC News, descreve as reuniões de apoio lideradas por America Gruner em uma mercearia na Geórgia, onde membros da comunidade compartilham histórias de saúde mental e suicídio.
A líder comunitária Gruner formou o grupo em resposta a uma série de suicídios entre jovens latinos na região. A taxa de suicídio entre os latinos/hispânicos nos EUA aumentou significativamente na última década, com preocupações específicas sobre as crianças hispânicas em idade escolar. A pandemia agravou a situação, com jovens muitas vezes assumindo responsabilidades extras em famílias onde os pais não falam inglês, vivendo em situações financeiras desafiadoras e enfrentando barreiras culturais e linguísticas ao acessar cuidados de saúde mental.
A falta de acesso a cuidados de saúde mental é um problema generalizado, especialmente para comunidades minoritárias, e a discriminação durante a busca de ajuda, como evidenciado em estudos na Califórnia, adiciona obstáculos adicionais. A estigmatização cultural em relação à doença mental também é mencionada como um desafio, com a crença de que procurar ajuda é muitas vezes desencorajada.
“Os dados provisórios dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças para 2022 mostram um recorde de quase 50.000 mortes por suicídio para todos os grupos raciais e étnicos. Estatísticas sombrias da KFF mostram que o aumento na taxa de mortalidade por suicídio foi mais pronunciado entre as comunidades de cor: de 2011 a 2021, a taxa de suicídio entre os hispânicos saltou de 5,7 por 100.000 pessoas para 7,9 por 100.000, de acordo com os dados. Para crianças hispânicas com 12 anos ou menos, a taxa aumentou 92,3% de 2010 a 2019, de acordo com um estudo publicado no Journal of Community Health”, informou a matéria da NBC News.
Os dados apresentados indicam um aumento alarmante nas taxas de suicídio entre hispânicos, com um aumento de 55% na Geórgia entre 2018 e 2022. A falta de profissionais de saúde mental bilíngues e o preconceito são identificados como obstáculos adicionais. “A ‘Ser Familia’, uma organização de serviços sociais na região metropolitana de Atlanta, disse ter visto números alarmantes de crianças hispânicas que relatam ter pensamentos suicidas”.
Importante observar ainda que: “especialistas em saúde mental afirmam que há muitas pressões sociais e econômicas sobre os grupos minoritários. Para os hispânicos, também podem estar em jogo obstáculos culturais e sistêmicos. De acordo com o Fundo Comunitário Latino da Geórgia, o stress associado ao estatuto de imigração levou a um aumento dos problemas de saúde mental”, de acordo com a publicação.
Ainda segundo publicação da NBC, devido a importância de abordar essa crise de saúde mental, o governo federal, em conjunto com os estados, introduziu o 988 Suicide & Crisis Lifeline em 2022, e adicionou um serviço de texto e chat 988 em espanhol. Há ainda a necessidade de mais financiamento para a saúde mental em geral, com programas de prevenção sensíveis às necessidades culturais e linguísticas.
Líderes comunitários e profissionais de saúde
mental sugerem que uma abordagem holística, que inclua mais financiamento,
maior conscientização e grupos de apoio comunitário, são necessários para
enfrentar este grave problema.