Uma nova pesquisa do Pew Research Center publicada recentemente, explorou as pressões que as mulheres latinas enfrentam nos Estados Unidos. Segundo a pesquisa, a maioria dessas mulheres sente a necessidade de equilibrar o sucesso profissional com as responsabilidades familiares, ao mesmo tempo que lidam com expectativas culturais tradicionais, como cuidar da casa, formar uma família e atender a certos padrões de beleza. Essas pressões são agravadas pela conexão recente com a imigração, resultando em desafios culturais únicos.
“Com 22,2 milhões, as latinas representam hoje 17% de todas as mulheres adultas nos EUA. A população cresceu 5,6 milhões de 2010 a 2022, o maior aumento de qualquer grande grupo racial ou étnico feminino. Além disso, a maioria dos adultos latinos têm ligações recentes com imigrantes (77%), sendo que são eles próprios imigrantes (52%) ou têm pelo menos pai ou mãe imigrante (25%)”.
Um matéria publicada pela NBC News, narra casos que exemplificam essas questões, como de Flor Herrera, criada como a mais velha de 10 irmãos em uma família católica mexicana-americana. Aos 33 anos ela se preocupa com o futuro financeiro de seus pais e sente a pressão da família para começar sua própria família, embora tema que isso possa afetar sua carreira. Herrera co-fundou uma organização sem fins lucrativos para ajudar estudantes latinos de primeira geração nos Estados Unidos.
A pesquisa mostra que cerca de 63% das latinas frequentemente enfrentam pressões familiares ou profissionais, e quase 7 em cada 10 sentem a necessidade de realizar tarefas domésticas. Além disso, 62% sentem a pressão de manter a aparência, e 56% são pressionadas a casar e ter filhos.
“Algumas latinas nos EUA crescem com valores culturais tradicionais herdados da América Latina. Isto pode produzir pressão por parte da família ou de uma comunidade para colocar as necessidades dos outros à frente das suas próprias, ser passivo ou subordinado aos outros, ou ser virtuoso e casto – características relacionadas com o marianismo. Ao mesmo tempo, algumas latinas também podem sentir-se pressionadas para alcançar o sucesso por mérito próprio nos estudos ou na carreira”, aponta a pesquisa.
Valerie Rodríguez, por exemplo, priorizou a educação antes de ter filhos, enfrentando perguntas frequentes de seus parentes sobre seus planos familiares. Irene Godinez e Beatriz Marquez destacam a pressão adicional de representar positivamente as latinas em seus locais de trabalho predominantemente não latinos.
“Cerca de metade das mulheres hispânicas afirmam que o sexismo contra as mulheres é um problema em diferentes ambientes, incluindo no trabalho e nos meios de entretenimento. Os homens hispânicos são menos propensos a dizer isso”.
Apesar dessas tensões, 86% das latinas estão satisfeitas com suas vidas e cerca de metade acredita que a situação das mulheres hispânicas nos Estados Unidos melhorou na última década, com expectativas de melhorias futuras, ainda de acordo com o estudo realizado. Flor Herrera reconhece os avanços feitos, mas também a necessidade de mais progressos.