Uma análise do Cato Institute revelou um panorama complexo sobre a eficácia e as contradições das políticas de imigração implementadas por Donald Trump durante seu mandato, questionando se essas políticas realmente proporcionaram uma maior segurança pública, como ele afirma.
Trump construiu grande parte de seu discurso político em torno da promessa de “segurança” com a proposta de controle rígido sobre a imigração e a deportação em massa de não cidadãos, muitos dos quais com histórico criminal. No entanto, dados fornecidos pelo Cato Institute, obtidos através da Lei de Liberdade de Informação, indicam que essas políticas tiveram impactos negativos não intencionais, incluindo o aumento de entradas ilegais por criminosos e a liberação de pessoas com condenações graves.
Primeiro, a promessa de segurança pública com a deportação em massa é desmentida por estudos que mostram que imigrantes, tanto legais quanto indocumentados, tendem a cometer menos crimes do que cidadãos nativos. Os dados revelam que a deportação em massa, além de ser dispendiosa, é contraproducente, pois retira do país indivíduos que, estatisticamente, são menos propensos a cometer crimes, enfraquecendo a segurança de diversas comunidades. Pesquisas e estudos do próprio Cato Institute indicam que a presença de imigrantes nas comunidades está associada a taxas menores de crimes violentos, como homicídios, e taxas mais baixas de problemas relacionados a drogas. Em vez disso, uma política que priorize criminosos de alta periculosidade traria mais benefícios à segurança pública.
Em segundo lugar, o governo Trump, de acordo com o relatório, falhou em manter o foco na deportação de criminosos condenados. Nos primeiros dias de sua administração, Trump revogou as diretrizes da era Obama que orientavam as forças de segurança a priorizar a prisão e a deportação de imigrantes que fossem ameaças à segurança pública. Essa mudança resultou no uso de recursos para deter requerentes de asilo e separar famílias, reduzindo significativamente a prioridade dada a imigrantes com antecedentes criminais graves. Durante o auge da separação familiar, Trump transferiu o foco das deportações de criminosos para a detenção de migrantes com questões administrativas, como visto vencido, deixando milhares de criminosos graves livres no país.
Em um exemplo específico, dados mostram que, durante o governo Trump, quase 58.184 não cidadãos com antecedentes criminais foram libertados, incluindo 8.620 criminosos violentos e 306 assassinos. A agência de imigração, ICE, reportou um aumento de casos de não cidadãos com crimes reincidentes devido a falhas no processo de fiscalização.
Outro ponto destacado na análise é o efeito das políticas de deportação em massa na própria eficácia do controle fronteiriço. A falta de priorização de criminosos graves provocou uma série de falhas no sistema que incentivaram a entrada de criminosos reincidentes. As políticas de Trump facilitaram o retorno de criminosos ao país após tentativas fracassadas de entrada, com dados da FOIA mostrando uma triplicação de travessias ilegais por criminosos condenados durante seu mandato. O Departamento de Justiça alertou que a repressão exagerada aos requerentes de asilo permitiu que mais criminosos escapassem da detecção. Essas ações culminaram em um aumento recorde de evasões na fronteira em 2020.
Por fim, o relatório compara o desempenho de Trump com o de Biden, observando que o atual governo tem dado mais ênfase à prisão e deportação de criminosos graves, incluindo criminosos condenados. Em 2024, a média mensal de remoções de criminosos pelo ICE foi superior ao recorde de Trump em dezembro de 2020. Enquanto Trump buscava deportações em massa, Biden se concentrou em remoções seletivas de criminosos graves, uma abordagem considerada mais eficaz para a segurança pública.
O documento conclui que, ao se concentrar na deportação de imigrantes de maneira indiscriminada, Trump despriorizou a segurança real em favor de uma retórica de controle absoluto. Uma política de imigração que priorize criminosos graves, mantendo imigrantes pacíficos, traria maiores benefícios à sociedade. Além disso, o relatório sugere que a expansão da imigração legal pode auxiliar na segurança da fronteira, permitindo que recursos sejam alocados para capturar e processar criminosos graves, enquanto acolhe imigrantes que contribuem para a economia e para a segurança das comunidades.