Há uma preocupação de pesquisadores, militantes e legisladores estadunidenses com as possíveis campanhas de produção e distribuição de Fake News dirigidas aos eleitores latinos ou hispânicos residentes nos Estados Unidos, o que pode influenciar, em grande medida, as disputas eleitorais e as estratégias de campanha política no próximo ano, quando ocorrem as eleições legislativas. Estarão em jogo em 2022, todas as cadeiras da Câmara dos Representantes e 1/3 das cadeiras do Senado.
Segundo a matéria da “
NBC News”, críticos apontam que as plataformas de mídias sociais não estão preparadas para filtrar essas categorias de desinformação política. “Para muitas pessoas, existe uma grande preocupação de que 2022 seja outra grande onda”, disse Guy Mentel, diretor-executivo da Global Americans, um grupo de estudos que fornece análises de questões-chave nas Américas.
A grande onda de desinformações políticas foi tema importante de discussões durante e depois das eleições presidenciais do ano passado, quando Joe Biden foi eleito com uma margem estreita de votos. Antes das eleições, algumas fake news eram anunciadas nas várias plataformas on-line, como o Facebook. Algumas dessas notícias “revelavam” que Biden era comunista, fato “comprovado” durante a cerimônia de posse através de uma teoria conspiratória. Alguns dos divulgadores da teoria apontaram que Lady Gaga usou um broche dourado semelhante ao de Claudia López Hernandez, “a primeira prefeita assumidamente gay de Bogotá, na Colômbia”, um sinal de que Biden estaria atuando em conjunto a “figuras obscuras da esquerda no exterior”.
Ressuscitando
acusações de fraudes nas últimas eleições presidenciais, Donald Trump também vem tentando influenciar as eleições legislativas de 2022. Em junho deste ano, no Centro de Convenções de Greenville (Carolina do Norte), Trump afirmou que “a sobrevivência dos Estados Unidos depende de nossa capacidade de eleger republicanos em todos os níveis, começando pelas eleições de meio de mandato no ano que vem”.
Durante a eleição de 2020, Diego Groisman, analista de pesquisa do projeto Cybersecurity for Democracy da Universidade de Nova York, “sinalizou anúncios no Facebook direcionados aos eleitores latinos no Texas e na Flórida que descreviam Biden como um “comunista”. Os anúncios na Flórida – onde está concentrada a maioria da população venezuelana do país – compararam Biden ao presidente socialista, Nicolás Maduro. ‘Claramente, haviam comunidades específicas de língua espanhola que estavam sendo visadas’, disse Laura Edelson, pesquisadora-chefe do programa do projeto”.
“Os críticos argumentam que empresas de mídia social como a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, dedicaram atenção redobrada à remoção ou verificação de informações incorretas em inglês em detrimento de outros idiomas, como o espanhol. Um memorando interno do Facebook, escrito em março, revelou que a capacidade da empresa de detectar retórica e desinformação antivacinas era ‘basicamente inexistente’ em comentários que não eram em inglês”.
Há ainda uma estimativa apresentada por pesquisadores do “Global Disinformation Index” de que a Google deve fechar o ano com o saldo positivo de US$ 12 milhões apenas com a venda de anúncios em sites que veiculam informações falsas em espanhol sobre a COVID-19, apesar de negarem a informação publicamente.
Muitas das informações falsas originárias nos Estados Unidos são repetidas em conteúdos traduzidos nos sites e mídias sociais nos vários países latino-americanos, inclusive no Brasil. Essa categoria de conteúdo ainda é compartilhada “por meio de vídeos do YouTube ou aplicativos de mensagens com falantes de espanhol em comunidades de expatriados, como as de Miami e Houston”.
Como
já apontamos anteriormente, o público latino, em comparação a população geral nos Estados Unidos, demonstra uma tendência maior em consumir e compartilhar notícias e informações falsas online por, principalmente, passar mais tempo em plataformas online como YouTube, WhatsApp, Instagram e Telegram.
A preocupação com uma nova onda de informações falsas é importante, não somente aos serviços de saúde na questão do acesso de informações básicas da população em tempos de pandemia, mas também aos Democratas, que temem por perder a posição influente conquistada historicamente entre os eleitores latinos no país, principalmente “depois das perdas surpreendentes no ano passado em lugares como o sul da Flórida e o Vale do Rio Grande, no Texas”.