O surpreendente apoio da comunidade latina a Donald Trump nas eleições de 2020, principalmente no sul do Texas, onde o ex-presidente fez algumas de suas maiores incursões com esse grupo de eleitores, ganhou destaque maior pelo evidente e fundamental apoio das mulheres latinas.
Muito tem se debatido sobre a possível perda da preferência política dos latinos pelo Partido Democrata. Institutos de pesquisa apontaram a centralidade econômica na vida dos eleitores latinos, e como as frustrações em torno desse tema têm levado esse grupo a questionar a confiança nos Democratas, como já
mencionamos anteriormente.
Nesse contexto, outras pesquisas apontaram a importância do papel da liderança feminina latina não somente no arregimento de mais apoiadores ao Partido Republicano, como também na contestação da lealdade “tradicional” latina ao Partido Democrata.
As latinas têm se destacado pela atuação como presidentas de partidos, principalmente nos condados fronteiriços no sul do Texas, locais conhecidos por algumas das maiores incursões de Donald Trump em 2020 com eleitores latinos.
Dentre essas mulheres, algumas delas vão concorrer nas primárias das eleições de meio de mandato deste ano, com destaque para Monica de La Cruz, que aparece como a favorita do Partido Republicano em uma das cadeiras mais competitivas do Texas, no Vale do Rio Grande, segundo
publicação do “Político”.
Apesar de ainda não se configurar como total ameaça à vantagem democrata no Estado, chama atenção o poder significativo do desempenho dos republicanos com Trump em 2020, principalmente entre a população latina de todo o país.
A publicação ainda retrata a experiência de algumas latinas no avanço das investidas republicanas no Estado. Outra candidata à indicação do Partido Republicano para uma cadeira no Congresso pelo sul do Texas, Mayra Flores, relatou que, como filha de imigrantes, percebeu haver um “padrão” de voto nos democratas, existente na sua comunidade. Assim, decidiu a questionar essa lealdade ao partido.
“Flores sentiu que suas visões religiosas, antiaborto e pró-segurança eram mais conservadoras e mais alinhadas ao Partido Republicano do que ela jamais imaginara. Cinco anos atrás, ela se envolveu em seu Partido Republicano local e agora a maioria de sua família também vota nos republicanos”.
Outro relato parecido foi de Claudia Alcazar, presidenta do Partido Republicano no Condado de Starr, que trocou o apoio de toda a sua vida adulta aos democratas pelos republicanos há cerca de dois anos. Ela afirmou que ao seguir a “tradição” latina na preferência pelos democratas, não percebeu que se alinhava mais ideologicamente aos republicanos, apesar de ter de enfrentar resistências na sua família.
Os motivos pelo apoio crescente de muitas mulheres latinas ao Partido Republicano parecem não estar claros. Conforme a mesma publicação, “elas querem mais segurança nas fronteiras ou são firmemente contra o aborto. Elas sentem que seus maridos, familiares, vizinhos e amigos, que são agentes da Patrulha da Fronteira, ou estão aplicando da lei, ou estão sendo injustamente vilipendiados pelos democratas. Elas temem que os democratas sejam hostis à indústria de petróleo e gás, que oferece muitos empregos bem remunerados no Estado. Elas temem que a esquerda esteja esquecendo os valores familiares e o valor do trabalho”.
No contexto nacional,
pesquisas apontam que o maior índice de aprovação do Donald Trump ocorreu entre as mulheres latinas. Não somente no Texas, mas também em outros Estados, como
Nevada.
Face aos índices apresentados por pesquisas feitas em todo o país, grupos republicanos nacionais passaram a fazer investimentos para catalisar o modelo de trabalho que está sendo feito pelas lideranças locais pelo Partido Republicano hispânico, em especial, pelas mulheres.