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A integração das forças armadas na repressão imigratória

Editores | 24/06/2025 11:33 | POLÍTICA E ECONOMIA
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O governo Trump vem articulando uma inédita e ampla mobilização da Guarda Nacional para atuar diretamente em operações de fiscalização migratória no interior dos Estados Unidos, segundo um memorando do Departamento de Segurança Interna (DHS) revelado pela imprensa. A proposta, que aguarda aprovação do Pentágono, envolve o emprego de até 20.000 soldados em tarefas como operações noturnas de interdição, transporte de detidos e crianças estrangeiras desacompanhadas, controle de distúrbios em centros de detenção e apoio administrativo, incluindo tradução e assistência em entrevistas. Trata-se de uma medida sem precedentes na história recente do país, que suscita preocupações sobre seus fundamentos legais e suas implicações políticas e sociais.


A justificativa oficial para a requisição dessas tropas se ancora no discurso da segurança pública, com foco na detenção e deportação de imigrantes classificados como criminosos, incluindo membros de gangues e autores de crimes violentos. No entanto, o plano levanta diversas controvérsias jurídicas e institucionais, a começar pela legalidade do deslocamento de forças da Guarda Nacional entre estados sem o consentimento expresso dos governadores, além dos riscos associados ao uso militarizado do aparato migratório em cidades autodeclaradas santuários. Essas cidades, citadas pelo DHS como alvos prioritários das operações, figuram em uma lista divulgada e posteriormente retirada pelo próprio governo diante da resistência de lideranças locais e de entidades como a Associação Nacional de Xerifes, que criticaram a falta de diálogo e a potencial violação de competências estaduais.


O contexto desse plano se insere em um quadro de intensificação das ações do DHS e do ICE, marcado por pressões da Casa Branca para acelerar as prisões e por metas diárias de detenções que já alcançam números recordes. Para atingir essas metas, o governo passou a mobilizar agentes de outras agências federais, ampliando o aparato dedicado à repressão migratória e sinalizando um avanço na militarização da política de imigração. A proposta de envolver a Guarda Nacional nesse esforço representa, portanto, mais um passo no processo de integração entre as esferas de segurança pública e imigração, com potenciais impactos na relação entre o governo federal e os estados, nos direitos dos imigrantes e na coesão social em um momento de forte polarização no país.


Esse movimento reflete não apenas uma estratégia operacional, mas um redirecionamento do papel das forças armadas em território doméstico e da própria lógica de aplicação da lei imigratória, que passa a se pautar por mecanismos de coerção em larga escala. As implicações vão além das fronteiras do debate sobre imigração, alcançando o cerne do equilíbrio entre segurança e liberdades civis, e desafiando os limites tradicionais da atuação militar em solo americano. Trata-se de uma mudança com potencial para reconfigurar profundamente as dinâmicas entre governo federal, estados e comunidades locais no tocante ao controle migratório e à proteção de direitos fundamentais.

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