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Deportações por engano: cidadãos dos EUA enfrentam prisões ilegais em meio à repressão migratória

Editores | 15/05/2025 22:02 | POLÍTICA E ECONOMIA
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À medida que o governo Trump intensifica sua política de deportações em massa, cresce a preocupação com o aumento de erros nas ações de fiscalização migratória, que têm atingido não apenas imigrantes, mas também cidadãos e residentes legais dos Estados Unidos.


Um levantamento recente do Washington Post revelou que pelo menos sete cidadãos americanos foram detidos ilegalmente pelo ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) desde o início do novo mandato de Trump, em janeiro. Esses casos somam-se a um histórico mais amplo: investigações anteriores mostram que milhares de cidadãos já foram presos, detidos ou até deportados desde a criação da agência, em 2003.


Segundo publicação do Immigration Impact, um estudo de 2011 demonstrou que o ICE manteve sob custódia cerca de 20 mil cidadãos americanos entre 2003 e 2011. Mais recentemente, um relatório do Government Accountability Office (GAO) apontou que, entre 2015 e 2020, 70 possíveis cidadãos americanos foram deportados, mesmo sendo ilegal a deportação de cidadãos do país. No total, nesse período, 674 cidadãos potenciais foram presos, 121 detidos e 70 deportados, embora os próprios órgãos federais admitam que os números reais podem ser ainda maiores devido à falta de registros precisos.


O problema estaria relacionado, em parte, a falhas estruturais no ICE, como treinamento inconsistente dos agentes e lacunas nos sistemas de dados. Enquanto a política oficial da agência prevê que suspeitas de cidadania americana sejam revisadas com supervisão, os materiais de treinamento indicam que os agentes podem conduzir entrevistas sozinhos, o que abre margem para decisões equivocadas. Além disso, os sistemas de banco de dados da agência não exigem a atualização automática do status de cidadania, o que dificulta o rastreamento de erros e facilita novas prisões indevidas.


As falhas do sistema também revelam um viés racial persistente. Ainda segundo a publicação, estudos apontam que tanto o ICE quanto o CBP (Alfândega e Proteção de Fronteiras) têm histórico de discriminação racial, o que faz com que pessoas não brancas sejam mais frequentemente alvo de abordagens e prisões injustificadas. Isso agrava o impacto de políticas migratórias mais agressivas, principalmente para comunidades negras e latinas.


Casos como o de Davino Watson, cidadão americano detido por três anos sem advogado em um centro de detenção no Alabama, ilustram as consequências dramáticas dessas falhas. Apesar de ter provado sua cidadania, Watson não recebeu qualquer indenização, já que a justiça entendeu que o prazo para reivindicação havia expirado. Sua experiência, embora extrema, não é isolada e expõe a vulnerabilidade de cidadãos frente a um sistema que, segundo especialistas, precisa urgentemente de reformas para evitar novos erros e injustiças. Enquanto isso, com o endurecimento da política migratória, aumenta o risco de que mais cidadãos sejam indevidamente privados de sua liberdade ou até expulsos de seu próprio país.

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