O aumento da audiência de podcasts é um fenômeno mundial. A situação torna-se mais interessante quando este meio é utilizado para reforçar a identidade cultural e também para a mobilização política de comunidades minoritárias, como é o caso dos latinos. Os relatos a seguir chamam a atenção para essa nova atitude, principalmente em relação aos mais jovens.

Uma reportagem feita por Suzy Exposito do Los Angeles Times “Podcasts feitos por e para latinos finalmente realizam incursões no mercado mainstream”, reproduzido por vários sites, incluindo o Hasting Tribune e BELatina, mostra como esse fenômeno se popularizou nas comunidades latinas. Segue abaixo o resumo da matéria efetuado pelo portal BELatina.

“Desde que a Rádio Ambulante trouxe a tradição do programa de rádio para o mundo dos podcasts, sabíamos que o público latino entenderia o novo formato melhor do que ninguém”.

De fato, conforme o Latino Podcast Listener Report 2021 da Edison Research, 36% dos latinos dos EUA com mais de 18 anos (16 milhões de pessoas) ouviram um podcast no mês passado, um aumento de 44% em relação a 2020 (25%).

Seja em espanhol ou inglês, a comunidade latina é agora um dos públicos que mais cresce no segmento.

Segundo o Latino Podcast Listener Report 2021, 44% dos ouvintes mensais de podcast latinos dos EUA que não são fluentes em espanhol e 57% dos ouvintes de podcast mensais latinos dos EUA fluentes em espanhol começaram a ouvir podcasts no ano passado, reforçando a ideia de que o conteúdo disponível para ouvintes latinos está crescendo.

Nos últimos anos, a demanda por conteúdo latino feito por e para latinos aumentou, pois, ficou claro que o topo das paradas de podcasts da Apple e do Spotify ainda visava o público predominantemente branco.

“Por muito tempo, os podcasts foram concebidos e criados para esse grupo muito pequeno de pessoas brancas e ricas”, disse Marlon Bishop, vice-presidente de podcasts do Futuro Studios, a nova ala criativa do Futuro Media Group, ao Los Angeles Times. Com sede na cidade de Nova York, a organização de notícias multimídia sem fins lucrativos foi fundada em 2010 pela jornalista Maria Hinojosa, apresentadora do “Latino USA”, o mais antigo programa nacional de notícias latinas na rádio pública.

Enquanto “Latino USA” estava acumulando uma audiência considerável por meio da National Public Radio (NPR), o Futuro expandiu sua presença digital em parceria com o site político Latino Rebels e, mais tarde, produziu séries limitadas como o podcast de 2020 “Anything for Selena”. Em uma engenhosa fusão de jornalismo investigativo e memórias, a apresentadora Maria Garcia juntou uma análise crítica da vida cultural e empresarial da cantora tejana com lembranças de sua infância em El Paso, contadas em inglês e espanhol. Selena faleceu em 1995.

“As pessoas nos contam como as versões em espanhol ajudaram suas famílias a se conectarem com seus interesses”, disse Garcia, agora editora executiva da Futuro Studios, ao Times. “É maravilhoso que minha mãe possa entender o trabalho que estou fazendo.”

No ano passado, a gigante da indústria iHeartMedia estreou “My Cultura”, sua rede de podcast latino, com “El Sueñito”, de Lin-Manuel Miranda, seguido por “El Flow” e “Chiquis and Chill”, apresentado pelo cantor de banda-pop Chiquis Rivera.

Mais recentemente, em colaboração com a ‘startup’ de podcast Fresh Produce Media, a Audible planeja lançar uma série de música latina bilíngue na primavera intitulada “Punk in Translation: Latinx Origins”, um documentário em áudio de oito partes que narra as raízes latino-americanas do punk rock. Hospedado por Ceci Bastida vocalista da banda de rock “Tijuana Não!”, o podcast incluirá entrevistas com personalidades como Joan Jett, Julieta Venegas, Alice Bag, Jello Biafra do Dead Kennedys, entre outras.

“Com o passar do tempo, os conteúdos e as plataformas vão se diversificando e dando espaço a histórias e vozes que buscam falar diretamente às necessidades do público latino”.