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Rapper Residente defende que latinos reivindiquem “América”

Editores | 30/04/2022 17:35 | CULTURA E SOCIEDADE
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O videoclipe do novo single do rapper porto-riquenho Residente, “This is not America”, no mês desde seu lançamento, conquistou mais de 15,1 milhões de visualizações no YouTube e estimulou uma série de debates à medida que as pessoas, principalmente as da América Latina, começaram a captar as diferentes referências visuais de suas histórias compartilhadas. 

“Em colaboração com franco-afro-cubano Ibeyi, Residente busca estourar essa bolha com uma mistura de letras instigantes e referências históricas, argumentando que o continente americano está enraizado em uma longa história de colonialismo e escravidão, sistemas que contribuíram para o apagamento da herança negra e indígena do continente”, segundo publicação da NBC News.

O rapper declarou que “embora esses sistemas sejam considerados coisa do passado por muitos, os Estados Unidos exploraram ambos nas últimas décadas por meio de suas intervenções na América Latina, uma prática que ajudou o país a cooptar o termo ‘América’ como seu”.

Mas ainda mais impactante do que a letra da música é o videoclipe que a acompanha.

“O clipe é seguido por uma dramatização dos tiros que repercutiram no Capitólio dos Estados Unidos em 1954, quando Lolita Lebrón liderou outros três nacionalistas porto-riquenhos em um ataque à Câmara dos Deputados para exigir a independência de Porto Rico, território dos Estados Unidos. A cena dá início a uma coleção de imagens marcantes de momentos históricos violentos do passado e do presente que definiram as lutas daqueles que vivem nos países da América Latina”, de acordo como a NBC news.

A imagem de mulheres zapatistas que aparecem no videoclipe, é referência ao momento em que o governo mexicano ordenou uma repressão à comunidade predominantemente indígena, na década de 1990, por medo de que a insurgência entre esses grupos pudesse ameaçar a ratificação do NAFTA – um acordo comercial entre México, Canadá e Estados Unidos.

“O videoclipe também inclui uma recriação do assassinato de Víctor Jara, um cantor folclórico ativista chileno que foi morto sob o regime do general Augusto Pinochet, que liderou o golpe militar de 1973, derrubando o presidente de esquerda, Salvador Allende”.

De acordo com a NBC, o rapper Residente procura mostrar em seu videoclipe como as grandes corporações também são uma manifestação do imperialismo dos EUA em toda a América Latina “com imagens de crianças indígenas em cima de pilhas do que parecem ser caixas de Coca-Cola e Amazon, bem como McLanche Feliz e xícaras de café Starbucks”.

“O vídeo também questiona o impacto das políticas de imigração dos Estados Unidos nos países latino-americanos, mostrando membros de gangues como religiosos e vítimas da longa crise de refugiados na América Central. Também se refere a separações familiares na fronteira EUA-México, bem como migrantes amputados e mutilados aparentemente feridos por ‘La Bestia’, um trem de carga frequentemente usado para viajar do sul do México até a fronteira dos EUA”, segundo a mesma publicação.

Há outros momentos históricos de países da América Latina retratos pelos artistas no vídeo que procuram demostrar situações que se iniciaram com as intervenções dos Estados Unidos em toda a América. 

“Em apenas alguns segundos, Residente traça uma linha do tempo do colonialismo nos continentes americanos, colocando imagens de monumentos pré-colombianos entre skylines do primeiro mundo e uma versão indígena da Estátua da Liberdade emparelhada com letras lembrando ao público que ‘os maias inventaram o calendário que eles usam’, observa a NBC.

Residente disse que também tem outros projetos futuros baseados na mensagem principal de seu último single, ou seja, “devolver o nome ‘America’ ao continente”.

“É algo educacional. As pessoas que admiro chamam os EUA de América. Não é o nome de um país, é o nome de um continente”.

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