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Cresce o apoio de salvadorenhos nos EUA ao presidente Nayib Bukele após decreto de regime de exceção

Editores | 06/08/2022 20:33 | POLÍTICA E ECONOMIA
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Em El Salvador, nos últimos dias de março deste ano, foram assassinadas 70 pessoas em diversas partes do país, o maior número em 20 anos. Após o aparecimento de dezenas de cadáveres em diferentes pontos de 12 dos 14 departamentos do país, o presidente Nayib Bukele mobilizou seus deputados para a aprovação de um decreto do “Regime de Exceção” que entrou em vigor no dia 27 de março. Além disso, a Polícia Nacional Civil foi autorizada a deter qualquer pessoa considerada suspeita para averiguação.

Naquele contexto, o jornal “El Faro” noticiou que “desde a assinatura dos Acordos de Paz, não há registros de que medida igual tenha sido decretada por motivos de violência, e o único precedente semelhante é o decreto especial emitido durante a pandemia para restringir, entre outros, o direito de livre trânsito”. 

Segundo o Latino Observatory, “em sua maioria, os assassinatos ocorreram em territórios controlados pela Mara Salvatrucha-13 (MS-13) sendo que as vítimas que morreram de forma violenta, não tinham necessariamente histórico de ligação com as quadrilhas delinquentes, pois, pelo menos 30 pessoas assassinadas trabalhavam ou exerciam atividade econômica e não tinham antecedentes criminais, tais como vendedores ambulantes, padeiros, motociclistas e trabalhadores da construção civil”.

Até o momento, tanto em El Salvador como dentre a população de imigrantes salvadorenhos nos Estados Unidos, muitos apoiam a estratégia de Bukele, enquanto outros chamam atenção à supressão das liberdades civis e outras medidas controversas.
Segundo a NBC News, “as recentes rondas e repressões de Bukele, que incluíram relatos de mortes, atraíram escrutínio internacional. De acordo com grupos de direitos humanos, as autoridades cometeram ‘graves violações de direitos humanos’, incluindo dezenas de prisões arbitrárias. Mais de 43.000 pessoas foram presas desde que o estado de emergência começou no final de março, segundo dados oficiais. Existem mais de 60 ‘relatos confiáveis’ de mortes sob custódia, de acordo com a Human Rights Watch”.

Recentemente, Nayib Bukele twittou sobre grandes comícios realizados em seu apoio em Los Angeles, Houston e Long Island. Apesar de não haver pesquisas nos Estados Unidos que indiquem qual é o nível de apoio ao presidente salvadorenho no país, na área de Los Angeles, que abriga a maior população salvadorenha dos Estados Unidos, assim como em outras cidades, o apoio a ele tem sido crescente. Em El Salvador, o índice de aprovação de Bukele subiu para quase 90%, ainda segundo a NBC.

Grande parte daqueles que o apoiam o aprovam pela repressão do presidente às gangues apontando para o declínio da violência desde que o líder assumiu o cargo em 2019. No entanto, alguns especialistas afirmam que a violência diminuiu porque o seu governo negociou uma trégua com as gangues, o que é negado por ele. 

Uma prisão gigante com espaço para 40.000 membros de gangues está em construção. O ‘Centro de Confinamento do Terrorismo’ estará pronto em 60 dias, escreveu Bukele em um tweet. 

“Muitos salvadorenhos se cansaram da violência e da ilegalidade que assolam o país há décadas. Embora a taxa de homicídios tenha caído nos últimos anos, o pequeno país centro-americano já foi referido no passado como a capital mundial dos assassinatos. Durante décadas, a violência forçou muitos salvadorenhos a migrar para os EUA, levando a população imigrante salvadorenha a explodir de 95.000 em 1980, para mais de 1 milhão hoje. Existem mais de 2,3 milhões de pessoas de origem salvadorenha que residem nos EUA, constituindo o terceiro maior grupo hispânico. Depois que a sangrenta guerra civil de El Salvador terminou em 1992, os EUA deportaram milhares de salvadorenhos que tinham ligações com gangues fundadas em Los Angeles as chamadas “maras”, durante a década de 1980. Uma vez em El Salvador, as gangues floresceram em uma rede criminosa transnacional. Os anos de violência e instabilidade causaram frustração, com os líderes do governo incapazes de controlá-la, de acordo com a NBC.

Iris Lara Cubias, presidente da Juntos Por Una Sonrisa Shulton LA Foundation, disse que Bukele está fazendo um bom trabalho ao fornecer ao país uma maior sensação de segurança, bem como mais hospitais e recursos. 

Yesenia Portillo, uma ativista norte-americana salvadorenha criada em Los Angeles, disse que “Organizações feministas, LGBTI+, trabalhistas e ambientais em El Salvador têm saído às ruas às dezenas de milhares para criticar suas políticas e isso muitas vezes não é destacado”.

Apesar das contradições que envolvem os temas da democracia e liberdade, é possível perceber o aumento dos movimentos de apoio de salvadorenhos nos EUA a partir dos comícios pela reeleição de Bukele em Los Angeles, Long Island e Houston organizados por “Salvadoreños en el Exterior”. No entanto, isso pode não refletir os que os salvadorenhos em casa realmente pensam, destaca a publicação.

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