No intuito de cumprir sua promessa de campanha sobre o aumento da diversidade institucional, o governo Joe Biden se destacou: a primeira vice-presidente americana negra e asiática, um gabinete mais diversificado que o de seus antecessores e a primeira mulher negra na Suprema Corte.

Mas uma nova análise acerca dos assessores seniores de Biden feita por um think tank independente, concluiu que o presidente não fez o suficiente para garantir maior representação negra em cargos importantes da Casa Branca que são menos visíveis para o público, mas cujos titulares geralmente têm uma influência descomunal sobre política.

O JointCenter para estudos políticos e econômicos, que se dedica a questões relacionadas à equidade negra, “examinou os 139 cargos comissionados da Casa Branca, os cargos mais altos, e descobriu que um total de 15, ou cerca de 11%, eram ocupados por funcionários negros. Em um relatório divulgado na segunda-feira (12), obtido pelo The Washington Post antes da publicação, o think tank culpou Biden, observando que os eleitores negros representaram 22% de seu apoio em 2020”, conforme publicação do The Post.

O estudo credita a Biden uma equipe e uma administração mais diversificadas do que a de seus antecessores, um símbolo poderoso em uma nação muitas vezes dividida por diferenças raciais e culturais. Mas essa diversidade começa a diminuir quando se trata dos conselheiros mais graduados de Biden, concluiu o estudo, uma dinâmica semelhante àquela frequentemente encontrada em corporações americanas e outras agências governamentais.

Segundo Spencer Overton, um ex-funcionário do governo Obama, que é presidente do think tank, “o orgulho pelos passos visíveis que Biden deu não deve ofuscar a necessidade de diversificar os principais papéis de tomada de decisão”.

“Uma porta-voz da Casa Branca enfatizou que Biden tem uma administração e um gabinete historicamente diversificados, que inclui ‘um número recorde de mulheres e líderes negros’, bem como o primeiro secretário de gabinete nativo americano e secretário de gabinete abertamente gay. Os defensores de Biden dizem que os passos que ele deu foram históricos e ajudaram a elevar uma geração de líderes negros, e que ele não deve ser culpado por não ter feito tudo perfeito”, segundo o The Post.

Dos 24 membros do Gabinete de Biden, 7 são negros, desde a vice-presidente Harris e do secretário de Defesa Lloyd Austin, à diretora de orçamento, Shalanda Young. Outros são latinos, nativos americanos ou asiáticos americanos.

Mas os funcionários do Gabinete não necessariamente se reúnem com frequência com Biden, e o Joint Center sugeriu que esses exemplos proeminentes não refletem a força de trabalho sênior da própria Casa Branca. Os oficiais comissionados, assistentes, assistentes adjuntos e assistentes especiais do presidente, “frequentemente se reúnem com o presidente, influenciam seu modo de pensar, fazem recomendações e o aconselham sobre importantes decisões de pessoal”, diz o relatório.

Para fechar a lacuna, o estudo disse que o governo deve nomear negros americanos ao abrir cargos de oficiais comissionados. Também recomendou a divulgação de dados sobre funcionários das agências que se reportam ao Gabinete Executivo do Presidente e instou a coleta de dados demográficos trimestrais sobre funcionários da Casa Branca:

“É fundamental que os negros americanos tenham representação adequada em cargos de oficiais comissionados porque as investigações dos oficiais comissionados são priorizadas na administração. Seu status lhes concede o privilégio de garantir reuniões com o presidente, outros oficiais comissionados da Casa Branca e rede com a liderança sênior dentro do Gabinete Executivo do Presidente e em todo o governo federal. Após seu mandato como oficial comissionado, os nomeados ganham acesso a cargos com títulos mais altos e melhor remuneração nos setores privado e sem fins lucrativos”, finaliza o relatório.