O Departamento de Segurança Interna (DHS) anunciou na quarta-feira, 12 de outubro, que o governo Joe Biden planeja devolver a maioria dos imigrantes venezuelanos que cruzam a fronteira sul para o México em direção aos Estados Unidos.
A nova política de fronteira também pretende criar possibilidades para receber até 24.000 venezuelanos “qualificados” no país. Segundo o Texas Tribune, “o plano inclui um esforço conjunto dos Estados Unidos e do México para reprimir as operações de contrabando de pessoas, estabelecendo novos postos de controle de migração e recursos adicionais para direcionar as operações de tráfico”.
Para serem “qualificados” para entrada no país, os venezuelanos obrigatoriamente necessitarão comprovar que há alguém que concorde em fornecer-lhes apoio financeiro, e deverão passar por verificações de antecedentes.
A nova política surge quando o número de imigrantes que cruzam a fronteira dos EUA aumentou nos últimos anos e no contexto que antecede as eleições de meio de mandato no próximo mês, já que a imigração é frequentemente uma questão importante entre os prováveis eleitores do Texas.
O secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, informou que os venezuelanos que tentarem cruzar a fronteira sem autorização não apenas serão devolvidos ao México, mas também não poderão mais solicitar entrada no país.
“Devido à agitação social e à turbulência política, os venezuelanos estão fugindo de seu país de origem em números recordes. Nos últimos anos, 7 milhões de venezuelanos fugiram, tornando-se o maior deslocamento no Hemisfério Ocidental e o segundo maior do mundo após o êxodo sírio. Muitos dos venezuelanos que fazem a jornada de 3.000 milhas da América do Sul até a fronteira EUA-México enfrentam perigos ambientais extremos e violência ao longo do caminho”, segundo a mesma publicação.
“Agentes federais de imigração registraram 2,1 milhões de chegadas na fronteira sudoeste, um número recorde nos primeiros 11 meses do ano fiscal de 2022, que terminou em 30 de setembro. Isso representa um aumento de 24% em relação a todo o ano fiscal anterior. De acordo com estatísticas do governo federal, os agentes de imigração encontraram quase 154.000 venezuelanos ao longo da fronteira EUA-México nos primeiros 11 meses daquele ano fiscal, um aumento de 216% em relação a todo o ano fiscal anterior. A maioria dos venezuelanos foram encontrados nas áreas de El Paso e Del Rio”, acrescenta o Texas Tribune.
Em março de 2020, o governo Trump invocou uma ordem de emergência de saúde conhecida como “Título 42” que permite que agentes da imigração expulsem rapidamente transfronteiriços ilegais sem que o ato se configure como deportação formal. “Antes do anúncio do governo, no dia 12, os venezuelanos não podiam ser enviados através da fronteira sob o Título 42 porque estão na lista de nacionalidades que o México não aceitaria. Mas o anúncio de quarta-feira chamou as novas políticas de uma joint venture entre os EUA e o México. Os migrantes venezuelanos não podem ser deportados de volta direto ao seu país porque os EUA cortaram relações diplomáticas com a Venezuela em 2019. Em vez disso, eles foram liberados para abrigos locais”.
Na mesma semana, agentes de imigração libertaram 6.800 imigrantes, muitos deles venezuelanos, em El Paso, um aumento semanal de 300% em relação a quase dois meses atrás, de acordo com o painel online de “crise migratória” de El Paso.
Os
venezuelanos estão fugindo de seu país de origem em meio a agitação social e
turbulência política. O país sul-americano já foi um dos mais ricos da América
Latina. Os Estados Unidos então impuseram sanções econômicas ao governo
venezuelano na tentativa de forçar o presidente Nicolás Maduro a sair do poder
porque autoridades federais americanas o acusaram de fraude eleitoral. Essas
sanções fizeram com que a indústria do petróleo, que era o motor econômico do
país, entrasse em colapso.