Policiais no Brasil restabelecerão as acusações de fraude contra o primeiro republicano abertamente gay a ser eleito para uma vaga na Câmara dos Representantes dos EUA, o deputado George Santos.

O filho de imigrantes brasileiros tem 34 anose nasceu em Nova York. Durante a campanha para as eleições de meio de mandato, ele disse que estava na política para “combater a esquerda radical” que ameaça “o sonho americano”.

Segundo informou a promotoria do Rio de Janeiro à CNN, a demanda agora seria de uma “resposta formal” de Santos relacionada a um talão de cheques roubado em 2008, depois que a polícia suspendeu uma investigação sobre ele porque não conseguiu encontrá-lo por quase uma década.

“Um porta-voz do Ministério Público do Rio de Janeiro disse que, com o paradeiro de Santos identificado, um pedido formal será feito ao Departamento de Justiça dos EUA para notificá-lo das acusações, passo necessário após o qual o caso seguirá com ou sem ele”, segundo o The New York Times.

Apesar de suas confissões anteriores, amplamente divulgadas, Santos agora nega qualquer envolvimento criminal, dizendo ao New York Post: “Não sou um criminoso aqui – nem aqui, nem no Brasil, nem em qualquer jurisdição do mundo”.

“A posse de Santos como representante do 3º Distrito Congressional de Nova York já estava marcada para ocorrer em meio a uma nuvem de escrutínio.Na semana passada, surgiram irregularidades nos gastos de campanha de Santos, incluindo US$ 40 mil em voos e pagamentos de aluguel vinculados a um endereço onde Santos estaria hospedado, uma possível violação da proibição de usar fundos de campanha para despesas pessoais”, de acordo com a matéria do The New York Times.

A CNN buscou detalhes de outras informações declaradas por Santos sobre sua educação universitária e histórico de empregos e descobriu ainda mais mentiras, incluindo alegações de que ele foi forçado a deixar uma escola particular de Nova York quando os ativos imobiliários de sua família sofreram uma queda e que ele representou o Goldman Sachs em uma conferência financeira de ponta. “As alegações de Santos de que seus avós fugiram do Holocausto como refugiados judeus ucranianos e que sua mãe morreu como resultado de estar presente na Torre Sul durante o 11 de setembro também estão sob escrutínio”, conforme demonstra a matéria.

Ainda segundo a CNN, em entrevistas à rádio WABC e ao New York Post, em 26 de dezembro, “Santos admitiu ter mentido sobre frequentar o Baruch College e a New York University, bem como deturpar seu emprego na Goldman Sachs e no Citigroup, mas disse na época que ainda pretendia servir no Congresso”.

“O próximo passo para os promotores brasileiros é entrar com uma petição quando os tribunais reabrirem [...], solicitando que Santos responda às acusações contra ele. Um juiz então compartilharia o pedido, chamado de carta rogatória, com o Ministério da Justiça federal no Brasil, que o compartilharia com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Nem o Departamento de Justiça nem as autoridades brasileiras podem obrigar Santos a responder neste momento. Mas Santos precisa ser notificado oficialmente para que o caso prossiga”, segundo o The New York Times.

No caso brasileiro, se George Santos não apresentar defesa, será julgado à revelia. Se for considerado culpado, ele pode pegar até cinco anos de prisão, mais multa.

Uma condenação criminal, mesmo por crime doloso, não é, por si só, um ato que inabilite um parlamentar para o cargo. A última vez que um membro do Congresso foi destituído do cargo por infringir a lei foi em 2002, quando James Traficant Jr. foi destituído da Câmara após sua condenação por extorsão e acusações de corrupção.

Sobre as despesas de campanha, o advogado de Santos, Joe Murray, disse em comunicado à CNN que “a sugestão de seu envolvimento em qualquer gasto ilegal de fundos de campanha é irresponsável, na melhor das hipóteses”.