O número de migrantes encontrados na fronteira entre Estados Unidos e México pela Patrulha da Fronteira tem sido o maior já visto nos últimos vinte anos, segundo as estatísticas disponíveis do governo. O recente afluxo de migrantes na fronteira sudoeste foi um dos principais tópicos de discussão nas recentes reuniões entre Joe Biden e o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
O
número de migrantes caiu para 16.182, o segundo menor total em mais de 20 anos,
em abril de 2020, logo após o surto de coronavírus forçar o fechamento da
fronteira sudoeste e desacelerar a migração em grande parte do mundo.
No entanto, a quantidade de migrantes na fronteira EUA-México disparou desde então, com 206.239 relatados em novembro de 2022, de acordo com os últimos dados mensais disponíveis da U.S. Customs and Border Protection (CBP), a agência federal que engloba a Patrulha de Fronteira. “Os totais mensais recentes excedem em muito o pico alcançado durante a última grande onda de migração na fronteira EUA-México em maio de 2019 e estão praticamente no mesmo nível do pico anterior alcançado em março de 2000”, segundo publicação do PewResearch Center.
Nos primeiros meses da pandemia de COVID-19 nos Estados Unidos, a Patrulha de Fronteira baseou-se fortemente no Título 42 para expulsar a maioria dos migrantes que abordava na fronteira. Mesmo assim, no governo Biden, em novembro de 2022 cerca de 2/3 de todos os migrantes que chegaram na fronteira (68%) terminaram em apreensão sob o Título 8, quando eles são levados sob custódia para aguardar julgamento, enquanto cerca de 1/3 (32%) resultou em expulsão sob o Título 42.
Com o avanço da pandemia de coronavírus, também houve uma mudança notável nos países de origem dos migrantes que entram nos EUA pela fronteira sudoeste.
Em abril de 2020, nas primeiras semanas do surto de coronavírus nos EUA, pessoas do México e dos países do Triângulo Norte da América Central, El Salvador, Guatemala e Honduras, representavam a grande maioria das pessoas encontradas na fronteira. Mas esse não é mais o caso: em novembro de 2022, a maioria dos migrantes (63%) era de outros países que não o México e a região do Triângulo Norte.
“Alguns dos maiores aumentos de chegadas na fronteira envolveram pessoas da Colômbia, Cuba, Nicarágua, Peru e Venezuela. Para se ter uma ideia, houve apenas quatro cidadãos colombianos na fronteira EUA-México em abril de 2020. Em novembro de 2022, esse número havia aumentado para 15.439. Houve aumentos ainda mais acentuados nas abordagens de migrantes de Cuba (de 161 encontros em abril de 2020 para 34.639 em novembro de 2022) e da Nicarágua (de 86 para 34.162). O número de chegadas envolvendo peruanos aumentou de 18 em abril de 2020 para 8.495 em novembro de 2022. E embora o número de chegadas de venezuelanos tenha diminuído nos últimos meses, continua muito acima dos níveis registrados nos primeiros meses da pandemia”, ainda segundo o Pew Research.
Quando
se trata do perfil demográfico de quem cruza a fronteira, os adultos solteiros
foram responsáveis pela maior parte do aumento recente de abordagens. Em
novembro de 2022, segundo a publicação, de 7 em cada 10 pessoas eram adultos
solteiros, enquanto parcelas muito menores envolveram famílias (24%) ou menores
desacompanhados (6%). Ainda assim, o percentual de abordagens envolvendo
famílias aumentou acentuadamente durante a pandemia.