Nos Estados Unidos, cerca de 43,5 milhões de pessoas devem 1,6 trilhão de dólares em dívidas estudantis. Segundo a pesquisadora principal em finanças do ensino superior no Jain Family Institute, Laura Beamer, 18% a 20% desses mutuários são latinos. Além disso, os latinos contraem empréstimos com maior frequência. Dessa forma, eles se tornam um dos mais prejudicados com as dívidas.

Um desses casos é a de Iliana Panameño, ela queria fazer mestrado em Serviço Social e, para isso, voltou para a casa dos seus pais e contraiu um empréstimo em seu nome para ingressar na Escola de Serviço Social da Universidade de Boston. Atualmente, Iliana paga cerca de US$ 1.500,00 em empréstimos federais e privados.

Em entrevista, ela afirmou que “a pausa nos empréstimos estudantis (pagamentos) foi um grande alívio”, se referindo ao congelamento dos pagamentos que aconteceu durante a crise da pandemia de covid-19. Porém, ela ainda possui dúvidas sobre seu futuro financeiro e se haverá a possibilidade de um dia se aposentar, por exemplo.

Apesar de não estar em uma situação tão ruim, visto que consegue ajudar os seus pais e atuar como gerente de comunicações da GreenRoots, uma organização sem fins lucrativos de justiça ambiental, ela ainda expõe preocupações como não conseguir se imaginar comprando uma casa sozinha. Ela também expõe os medos de seus colegas que também contraíram dívidas estudantis, afirmando que muitos deles não se sentem confiantes de que poderão construir uma família, “estaremos trabalhando para sempre para pagá-los?”, afirmou ela.

A líder da uAspire, organização sem fins lucrativos que aconselha comunidades marginalizadas em Boston sobre faculdade, Jaclyn Piñero, afirmou que “a falta de recursos – não apenas financeiros, mas de conhecimento – realmente é o cerne do problema”. Ela afirmou que a maioria dos alunos da comunidade latina não conhecem ninguém que tenha seguido este caminho antes, portanto, não possuem conhecimento sobre a situação.

Anna Rosario, filha de pais dominicanos com forte fé religiosa, foi a primeira da família a frequentar a faculdade. Ela se matriculou na Manhattan College, uma universidade católica particular de artes liberais no Bronx, cuja taxa de matrícula é de US$ 46.100,00 para um ano acadêmico, segundo ela “era uma coisa normal ir para uma instituição privada”, disse “eu apenas fui com o fluxo”. Posteriormente, uma de suas irmãs começou a frequentar a faculdade, obrigando a família a contrair mais empréstimos privados para se manter.

Outras diversas histórias ressaltam a dificuldade dos latinos em frequentar o ensino superior nos Estados Unidos e as dívidas que contraem em busca de uma vida melhor. Com o retorno do pagamento das dívidas, a situação dos latinos pode se tornar ainda mais crítica, acumulando com outras dívidas, como hipoteca, e obrigando-os a escolher quais dívidas devem pagar primeiro.