Uma publicação da organização Stateline examinou as propostas de Donald Trump para uma política de imigração mais rígida, focando em seu plano de realizar um programa de deportação em massa, que ele descreveu como “o maior da história americana”, caso fosse reeleito. A análise inclui as implicações políticas, legais, econômicas e sociais de tal abordagem, bem como a viabilidade prática de sua implementação.
Propostas de Trump
Trump planeja federalizar a Guarda Nacional, mobilizar tropas militares e construir centros de detenção para acelerar o processo de deportação. Ele também propõe revogar programas como o DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals) e o TPS (Temporary Protected Status), que atualmente protegem centenas de milhares de imigrantes de deportação. Além disso, ele busca aplicar a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para deportar imigrantes com antecedentes criminais e pressionar estados e cidades-santuário a cooperarem com autoridades federais.
Colaboração Federal e Estadual
Especialistas afirmam que o sucesso dessas políticas depende da colaboração de estados e cidades, especialmente porque muitos deles, como os chamados santuários, limitam ou recusam apoio ao ICE (Immigration and Customs Enforcement). Leis estaduais contra imigração não autorizada, adotadas em estados como Arizona, Texas e Flórida, enfrentam desafios constitucionais, enquanto cidades-santuário continuam resistindo. Ainda assim, Trump considera reter fundos federais de jurisdições que não colaborarem.
Desafios Legais e Logísticos
Deportar cerca de 1 milhão de pessoas por ano exigiria US$ 88 bilhões anuais, segundo estimativas do American Immigration Council. Esses custos envolveriam expansão de tribunais de imigração, agentes de fiscalização e instalações de detenção. Além disso, algumas nações se recusam a aceitar seus cidadãos deportados, e a burocracia interna nos EUA pode dificultar o processo. Segundo a análise, especialistas sugerem que, com experiência adquirida no primeiro mandato, um novo governo Trump pode ser mais eficaz em superar tais obstáculos.
Impactos Econômicos e Sociais
A política de deportação em massa teria implicações significativas, como escassez de mão de obra, redução de contribuições fiscais e impacto no setor agrícola e de serviços, onde muitos imigrantes trabalham; além dos impactos sociais, como a separação de famílias com status misto, deportações que afetam especialmente estados como Califórnia, Texas e Flórida, que abrigam quase metade dos imigrantes sem documentação no país.
Embora Trump tenha prometido deportações em massa em sua primeira campanha presidencial, as deportações anuais durante sua administração foram menores do que o recorde estabelecido por Barack Obama em 2013. Especialistas acreditam que um segundo mandato, mais organizado, poderia aumentar significativamente os números. A análise alerta que alguns estudos indicam que a abordagem de deportação em massa pode desviar o foco de criminosos perigosos e se voltar para imigrantes sem antecedentes criminais.
Opinião Pública
Pesquisas mostram que a maioria dos americanos apoia maior segurança nas fronteiras e deportação de criminosos, mas opiniões divergem quanto às deportações em massa. Estados republicanos tendem a apoiar essas políticas, enquanto estados democratas resistem. A crise migratória na fronteira sul é frequentemente retratada como “fora de controle”, o que alimenta o apoio às medidas mais rigorosas.
Quem Seria Afetado?
O alvo principal das deportações incluiria imigrantes com ordens de remoção pendentes (cerca de 1,3 milhão de pessoas); indivíduos com antecedentes criminais (662 mil casos identificados pelo ICE); beneficiários de programas temporários como DACA e TPS, pois podem perder sua proteção. Além disso, milhões de casos de asilo ainda pendentes podem ser afetados por mudanças na aplicação das leis.
Em suma, o plano de Trump para uma política de
imigração mais rigorosa reflete seu foco em segurança e aplicação da lei, mas
enfrenta barreiras substanciais, desde desafios jurídicos até custos econômicos
e resistências locais. Embora politicamente polarizador, ele pode contar com o
apoio de parte significativa da população americana, que expressa preocupações
com a imigração e a segurança. No entanto, a execução dessas políticas
dependerá de coordenação entre governos estaduais e federais, além de superar obstáculos
legais e logísticos significativos.