O estudo do Pew Research publicado em setembro destacou a resistência dos latinos ao termo "Latinx", com apenas 4% da população latina nos EUA usando-o para se descrever. Além disso, 75% dos latinos que conhecem o termo acreditam que ele não deve ser usado para descrever a população latina em geral, um aumento em relação a cinco anos atrás. A maioria dos latinos prefere os termos “hispânico” ou “latino”, que são amplamente aceitos.
Um novo estudo, conduzido por Marcel Roman (Harvard) e Amanda Sahar d'Urso (Georgetown), analisa as implicações políticas do uso de "Latinx". O estudo sugere que o termo, promovido em círculos democratas para incluir a comunidade LGBTQIA+, pode ter afastado alguns eleitores latinos conservadores, especialmente os que têm visões negativas sobre questões dessa comunidade. Esses eleitores interpretam o uso de “Latinx” como um sinal de apoio à inclusão LGBTQIA+, o que os leva a enxergar os democratas de forma mais desfavorável e a se aproximar dos republicanos, como foi evidenciado nas eleições de 2020, onde o apoio a Donald Trump aumentou entre latinos socialmente conservadores.
Os democratas perceberam o impacto negativo do uso de “Latinx” e ajustaram suas estratégias: figuras como Joe Biden e Kamala Harris evitam o termo desde 2021, preocupados com o impacto negativo na base latina. Apesar disso, Roman sugere que os danos já podem ter sido causados, pois o termo se tornou associado ao Partido Democrata, segundo aponta o Latin Times.
A pesquisa conclui que rótulos inclusivos, como “Latinx”, podem ter efeitos contrários, especialmente quando parte da população-alvo possui valores tradicionais e vê tais termos como desnecessários ou até ofensivos. Roman observa que o problema fundamental não é o termo em si, mas sim as atitudes queer-fóbicas que ainda são prevalentes em parte da população latina conservadora. Ele acredita que, enquanto as atitudes não mudarem, o uso de linguagem inclusiva continuará sendo um tema sensível e polêmico entre os eleitores latinos.