Uma das primeiras ações possíveis do presidente eleito Donald Trump, caso assuma em 20 de janeiro de 2025, será revogar a proibição do uso do termo “estrangeiro ilegal” implementada pelo governo Biden.
Membros da equipe de transição de Trump em questões de segurança interna têm discutido o retorno dessa terminologia, argumentando que ela é um termo legal neutro, sem conotações raciais ou culturais. Essa abordagem contrasta com a decisão do governo Biden, que, em 2021, determinou que os funcionários do Departamento de Segurança Interna passassem a usar termos como “não cidadão” ou “migrante” em vez de “estrangeiro”, e “indocumentado” em vez de “ilegal”, sob a justificativa de humanizar o tratamento aos imigrantes.
A medida do governo Biden gerou resistência de alguns setores, como o ex-chefe da Patrulha de Fronteira dos EUA, Rodney Scott, que, apesar de não minar os esforços de sua administração, manifestou oficialmente sua discordância com a nova terminologia. A decisão de Biden também refletiu uma pressão mais ampla de democratas progressistas para eliminar o uso de termos considerados desumanos, o que se alinha com propostas legislativas como a Lei de Correção de Nomes Ofensivos, introduzida pelo deputado Joaquin Castro, e a Lei de Cidadania dos EUA, ambas sem aprovação no Congresso.
A politização dessa linguagem, com o uso do termo "ilegal" ou "sem documentos" se revelou no debate público, incluindo eventos importantes, como o discurso do Estado da União de Joe Biden. Nesse episódio, o presidente utilizou o termo “ilegal” ao se referir a um incidente envolvendo uma estudante morta por um imigrante em situação irregular, mas depois se retratou, reconhecendo que deveria ter usado uma expressão diferente.
O
retorno do termo “estrangeiro ilegal” no governo Trump sinalizaria não apenas
uma mudança semântica, mas também uma guinada política na abordagem da
imigração, priorizando uma retórica mais ultraconservadora e rígida, que seus
aliados veem como uma resposta à crise migratória na fronteira. Essa mudança
reflete um embate cultural e político maior sobre como o tema da imigração é
tratado no discurso público e nas políticas governamentais.