Uma pesquisa recente conduzida pelo Centro de Pesquisa de Assuntos Públicos da Associated Press-NORC, revela a complexidade das opiniões dos hispano-americanos em relação a temas importantes, como o aborto, imigração e as eleições presidenciais de 2024.

Tradicionalmente retratados como socialmente conservadores, os hispano-americanos mostram uma mudança significativa em suas posições sobre o aborto, com a maioria defendendo a legalidade em todos ou na maioria dos casos, independentemente de suas afiliações religiosas. Isso contrasta com a ideia amplamente aceita de que os hispano-americanos são fortemente influenciados por suas crenças religiosas em questões como essa.

A pesquisa, realizada entre 12 e 16 de setembro de 2024, destaca que tanto católicos quanto protestantes hispânicos têm opiniões semelhantes sobre aborto e imigração, com a maioria apoiando o direito ao aborto legal e defendendo uma lei federal que garanta esse acesso. Comparado com outros grupos religiosos nos EUA, a principal diferença está nos evangélicos brancos, entre os quais uma minoria apoia o direito ao aborto.

Além disso, a pesquisa mostra que o aborto se tornou uma questão importante para os eleitores hispânicos, embora outras questões, como economia, saúde, crime e imigração, também desempenhem um papel central na decisão de voto. Aproximadamente metade dos hispano-americanos vê a imigração como um tema importante, e muitos apoiam o envolvimento de grupos religiosos no apoio a imigrantes que vivem indocumentados no país.

No cenário eleitoral, hispano-americanos estão divididos em suas avaliações dos candidatos presidenciais Kamala Harris e Donald Trump. Harris conta com apoio moderado entre católicos e protestantes hispânicos, enquanto Trump recebe apoio semelhante, principalmente entre os protestantes. A disputa política entre ambos reflete diferenças marcantes em suas posições sobre imigração e aborto. Harris apoia fortemente os direitos reprodutivos, enquanto Trump se orgulha de sua influência na Suprema Corte, que resultou na revogação da decisão “Roe v. Wade”.

Outros pontos destacados incluem a semelhança nos padrões de frequência à igreja entre católicos e protestantes hispânicos e o uso de uma língua diferente do inglês em casa, que é mais prevalente entre os católicos. Além disso, uma parcela significativa dos católicos hispânicos expressa uma visão favorável do Papa Francisco, em contraste com os protestantes hispânicos.

Sobre a presença de candidatos hispano-americanos nas eleições para o Senado e a posição do Partido Democrata sobre o aborto, pode, segundo alguns líderes, alienar eleitores hispano-americanos mais conservadores em relação a abortos tardios, informa a publicação. No Novo México, a governadora Michelle Lujan Grisham anunciou a construção de uma clínica de aborto financiada pelo estado, reforçando o compromisso com a liberdade reprodutiva.

Em suma, a pesquisa ressalta a diversidade e complexidade das opiniões políticas e sociais dos hispano-americanos, desafiando estereótipos e mostrando como suas posições evoluem diante das mudanças no cenário político.