Uma análise detalhada do Washington Office on Latin America (WOLA) procurou detalhar as políticas de imigração que Donald Trump e sua equipe com a indicação das possíveis prioridades do seu segundo mandato presidencial. Destaca, assim, uma série de ações executivas e nomeações estratégicas que reforçam o compromisso do ex-presidente com uma abordagem dura à imigração. Dentre os principais pontos apresentados no texto estão as “ações executivas imediatas”, as quais Donald Trump planeja implementar já no primeiro dia de mandato, como medidas rigorosas contra a imigração, incluindo a expansão do poder dos agentes de imigração para prender indivíduos sem antecedentes criminais; o envio de militares para a fronteira EUA-México, e o reinício da construção do muro na fronteira. Essas medidas indicam uma escalada em relação às políticas de seu primeiro mandato, com maior ênfase em uma abordagem militarizada.
Outro fator é a sua equipe organizada com nomeações estratégicas. As possíveis escolhas de Trump revelam a orientação para posições-chave, reforçando a seriedade com que ele pretende abordar a questão. Um membro de sua equipe poderá ser Tom Homan, conhecido como o “czar da fronteira”. Com uma longa carreira em imigração e conhecido por sua postura dura, Homan terá autoridade abrangente sobre as famílias e deportações em massa, sendo uma figura central na implementação da agenda de Trump.
Além de Homan, Stephen Miller aparece como o indicado a vice-chefe de gabinete para políticas de imigração. Miller, um aliado próximo de Trump, é conhecido por sua abordagem agressiva e detalhista na criação de barreiras legais para a imigração. Ele planeja usar o exército e leis pouco conhecidas para deportar migrantes em grande escala.
Por fim, Kristi Noem é o nome que aparece para a função de secretária de segurança interna. Embora inesperada, sua nomeação reflete o apoio de governadores republicanos à repressão migratória, especialmente em estados fronteiriços.
Com seu objetivo declarado de deportação em massa de imigrantes, Trump prometeu realizar a “maior operação de deportação da história americana”". Segundo a publicação, os indicativos sobre o tema incluem a expulsão de até um milhão de pessoas nos primeiros 100 dias, o uso intensivo de deportações aceleradas e a detenção em massa de requerentes de asilo. Para tanto, haverá o reforço de “batidas” em locais de trabalho para localizar imigrantes indocumentados. No entanto, especialistas, como Victor Manjarrez, segundo o Wola, alertam que as deportações podem ser mais seletivas e menos visíveis do que o termo “em massa”, priorizando segurança pública e nacional.
Quanto aos impactos econômicos e jurídicos, a análise indica que estudos econômicos projetam que a campanha de deportação pode custar ao governo pelo menos US$ 315 bilhões, ao mesmo tempo em que desacelera o crescimento econômico e eleva a inflação. Na referência aos desafios legais, organizações de defesa da imigração como a ACLU e outras, prometem contestar essas políticas nos tribunais federais, sinalizando potenciais impasses jurídicos. Assim, o governo Trump poderá enfrentar certos dilemas pois sua abordagem escancara um uso intenso do poder executivo, ignorando potenciais bloqueios do Senado ao nomear pessoas como Homan e Miller para posições que não requerem aprovação. No entanto, a viabilidade e a eficácia dessas políticas dependem de múltiplos fatores, incluindo a cooperação entre agências e possíveis desafios judiciais.
A publicação indica que o plano migratório de
Trump para um segundo mandato é marcado por uma retórica agressiva e ações
potencialmente polarizadoras. Enquanto seus apoiadores veem essa postura como
um cumprimento de promessas eleitorais, críticos alertam para os impactos
humanitários, econômicos e legais dessas políticas. A equipe escolhida por
Trump, com figuras polêmicas como Homan e Miller, reforça a seriedade de sua
agenda e prenuncia desafios significativos à sua implementação.