No dia 15 de fevereiro, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, nomeou para a Suprema Corte do Estado, Patricia Guerrero, uma juíza do tribunal de apelações de San Diego, e filha de imigrantes mexicanos. Assim, Guerrero pode entrar para a história dos Estados Unidos como a primeira latina a servir na Suprema Corte da Califórnia.
Natural do Imperial Valley, a juíza Guerrero, 50 anos, se formou na Universidade da Califórnia, Berkeley, e na Stanford Law School antes de iniciar sua carreira jurídica. Ela atuou como advogada no Gabinete do Procurador dos EUA e como sócia de um escritório de advocacia antes de ser nomeada para o Tribunal Superior de San Diego, em 2013.
No ato da nomeação, o governador Newsom declarou que: “Sua jornada extraordinária e nomeação para servir como a primeira juíza latina no banco da mais alta corte de nosso estado, é uma inspiração para todos nós e uma prova da promessa de oportunidade do California Dream para todos prosperarem, independentemente de antecedentes ou CEP”, segundo publicação do
Latino Rebels.
Os juízes da Suprema Corte do Estado são nomeados pelo governador e devem ser confirmados pela “Comissão de Nomeações Judiciais”, que consiste no Presidente do Tribunal de Justiça, Tani Cantil-Sakauye, pelo Procurador-Geral do Estado, Rob Bonta, e pelo Juiz Presidente do Tribunal de Apelação do Estado, Manuel A. Ramirez.
Se confirmada, Guerrero substituirá o juiz associado Mariano-Florentino Cuéllar, indicado ao tribunal pelo ex-governador Jerry Brown, também democrata, que renunciou para se tornar presidente do Carnegie Endowment for International Peace. Desde então, o atual governador estaria sob crescente pressão para nomear o primeiro membro latino do estado.
“O tribunal de sete membros é atualmente composto por quatro juízes nomeados pelos democratas e dois pelos republicanos. Outra candidata de Brown, a juíza Leondra Kruger, está sendo considerada pelo presidente Joe Biden para substituir o juiz aposentado Stephen Breyer na Suprema Corte dos EUA”, segundo a publicação.
Em todo o estado há uma escassez significativa de advogados e juízes latinos, apesar do grande peso demográfico dos latinos na Califórnia, um estado de tendências democratas. Em quatro condados da Califórnia de maioria latina — Colusa, Kings, Madera e Merced — não há juízes latinos em nenhum tribunal superior.
A senadora estadual María Elena Durazo, presidente do “Latino Legislative Caucus”, da Califórnia, declarou que “as latinas representam quase 20% da população da Califórnia, mas somos sub-representadas em quase todos os setores, incluindo o judiciário da Califórnia. […] Quando as latinas estão ausentes neste ramo crítico do governo, nossas experiências e perspectivas são excluídas, e isso se espalha por nossas comunidades de muitas outras maneiras”, ainda segundo a publicação do Latino Rebels.
Gavin Newson também contribuiu positivamente a história estadunidense ao nomear, em 2020, Martin Jenkins para a Suprema Corte estadual, o primeiro juiz abertamente homoafetivo do estado, e a terceira pessoa negra a servir na Corte.
O juiz aposentado da Suprema Corte da Califórnia, Carlos Moreno, considerou que “com sua vasta experiência lidando com questões complexas de litígios, rigor intelectual e compromisso com a justiça e a igualdade, a juíza Guerrero está bem equipada para lidar com as questões jurídicas mais complexas em nosso sistema judicial e será uma excelente adição ao mais alto tribunal de nosso estado”.
Em comunicado, a juíza nomeada declarou estar “profundamente honrada” pela nomeação que, se confirmada, poderá causar “um impacto positivo na vida dos californianos em todo o estado”.