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Latinos estão presos na fronteira com o México enquanto ucranianos entram nos EUA

Editores | 24/04/2022 20:49 | POLÍTICA E ECONOMIA
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Milhares de refugiados latinos chegam à cidade mexicana de Tijuana, todos os anos, na expectativa de um dia cruzar a fronteira que os separa dos Estados Unidos. Enquanto o mundo assiste ao desenrolar de uma crise humanitária resultante da guerra da Rússia contra a Ucrânia, o porto de entrada de Tijuana na fronteira dos Estados Unidos, é palco de outra crise de imigração, sendo essa centrada em ucranianos que buscam asilo e estatuto de refugiado.

Assim como refugiados ucranianos que fugiram da invasão russa começaram recentemente a cruzar a fronteira entre México e os Estados Unidos, muitos latinos lá detidos esperam há meses por essa mesma possibilidade e estão se perguntando os motivos pelos quais sofrem um tratamento desigual. 

Um mexicano de 44 anos, que não quis se identificar, pergunta: “Por que nós, vizinhos dos Estados Unidos, não temos a mesma oportunidade de pedir asilo? Viemos para cá fugindo quase da mesma coisa”, segundo publicação do Inquirer

Os ucranianos receberam permissão humanitária especial para entrar nos Estados Unidos e o governo sinalizou, no mês passado, que receberia até 100.000 refugiados. “Desde então, milhares de ucranianos voaram para Tijuana para cruzar a fronteira terrestre com os Estados Unidos – mais fácil do que obter o visto necessário para voar direto. Voluntários em Tijuana e na cidade vizinha de San Ysidro dizem que, em média, os recém-chegados ucranianos esperam apenas dois ou três dias antes de atravessar, usando uma entrada disponível apenas para eles”, segundo a publicação.

Alguns podem argumentar que os refugiados ucranianos não podem ser comparados aos requerentes de asilo da América Latina, Haiti ou Camarões. Um casal de mexicanos, que também não quis se identificar, fugiu de sua cidade natal mexicana, Irapuato, com seus três filhos, depois que membros do Cartel incendiaram sua casa e o pequeno negócio de onde extraíam o sustento da família: “Viemos aqui não por escolha, mas por necessidade – sofremos muita violência”, disse a mulher para a reportagem.

O casal e seus filhos vivem em uma das várias barracas do abrigo chamado “Movimiento Juventud 2000”, que fica apenas a três quarteirões de outro abrigo, o “Unidad Deportiva Benito Juarez”, que se tornou o ponto de acolhimento para milhares de ucranianos. Segundo a publicação, o contraste entre os dois abrigos dificilmente poderia ser mais gritante. “No Movimiento Juventud 2000, o clima é pesado de frustração e tristeza, enquanto em Benito Juarez, o alívio e a esperança são abundantes. Voluntários do abrigo ucraniano criaram um banco de dados para acompanhar a rápida rotatividade de requerentes de asilo [e] na tarde de sábado [9 de abril], mais de 2.600 ucranianos haviam se registrado. [Já] no Movimiento Juventud 2000, algumas famílias esperam há seis meses por uma mudança nas restrições de fronteira que lhes permita solicitar asilo”.

Graças a doações de ambos os lados da fronteira, voluntários ucranianos instalaram uma área de recreação infantil em seu abrigo. Brinquedos, giz de cera e livros estão disponíveis, e novos brinquedos doados chegam todos os dias.

Nas proximidades, as crianças haitianas, mexicanas e centro-americanas não têm nenhum espaço dedicado e poucos materiais, embora sejam entretidas algumas vezes por semana por funcionários do UNICEF e voluntários individuais.

Embora ajudar as famílias de um país devastado pela guerra seja algo plausível a se fazer, surge um contraste flagrante na forma como outros requerentes de asilo são tratados e as condições terríveis que, por meses, centro-americanos, mexicanos, haitianos e camaroneses tiveram que aguentar. 

Este tema é objeto da análise desta semana no Latino Observatory.

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