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Marcha contra a proibição de livros no Texas é liderada por autores e ativistas latinos

Editores | 07/05/2022 17:25 | CULTURA E SOCIEDADE
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Uma lista de centenas de livros que os republicanos e conservadores do Texas indexaram, estão sendo removidos das bibliotecas escolares e salas de aula com a alegação de que são obras potencialmente inadequadas para mentes jovens. A lista, que foi compilada por um legislador republicano do Texas, inclui livros sobre raça, sexualidade, aborto e outros assuntos.

O livro premiado de Paul Ortiz, professor de História na Universidade da Flórida, “An African American and Latinx History of the United States” (Uma história afro-americana e latina dos Estados Unidos”) e outros títulos, se tornaram catalisadores para a organização de uma marcha e de uma caravana em contestação à censura, em Austin, Texas, segundo a NBC News.

O movimento organizado pelo grupo “Librotraficante” (traficante de livros), foi formado depois que o Arizona proibiu os estudos de mexicano-americanos em 2010. “Escritores, artistas e ativistas, bem como apoiadores da Liga dos Cidadãos Latino-Americanos do Texas (LULAC), a mais antiga organização de direitos civis latinos do país, embarcaram de ônibus de San Antonio e Houston para Austin, e organizaram uma ‘Marcha pela Cultura’ [...] que reuniu todos no Capitólio estadual”, de acordo com a publicação. 

Vale lembrar que em 2010 o governo do Arizona aprovou uma lei proibindo “a derrubada do governo dos Estados Unidos” e “ressentimento em relação a uma raça ou classe de pessoas” ou defendendo “solidariedade étnica em vez do tratamento de alunos como indivíduos”. Os títulos de livros proibidos incluíam “The House on Mango Street,” de Sandra Cisneros; “Drown” de Junot Díaz, e “Bless Me, Ultima” de Rudolfo Anaya, considerado o padrinho da literatura chicana.

O fundador da “Librotraficante”, Tony Diaz, disse que a caravana e a marcha não são apenas uma resposta à mais recente proibição de livros: “Queremos esses livros nas salas de aula, então as pessoas estão se unindo para isso. Esta não será uma ação de mão única”.

Para Gabriel Rosales, membro do LULAC Texas, “as escolas estão em crise [e] já não têm livros suficientes. Não temos professores suficientes e eles estão preocupados com esses livros”.

Segundo a reportagem da NBC, “as tentativas de retirar os livros exacerbam a invisibilidade com a qual muitos autores, acadêmicos e ativistas latinos dizem lutar dentro da construção majoritariamente branca-negra do país. Isso persiste apesar das raízes profundas e da história de muitos latinos – mesmo antes do estabelecimento do que hoje são os Estados Unidos”.
“Levamos anos, décadas de luta para conseguir até mesmo colocar histórias chicanas, mexicanas, porto-riquenhas, cubanas, qualquer uma dessas histórias em nossas escolas”, observou Ortiz para a publicação. 

A “Arte Público Press”, a editora hispânica mais antiga do país, doou uma caixa de livros de Gloria Velásquez às caravanas do “Librotraficante”, que “serão doados a organizações sem fins lucrativos, incluindo uma que opera uma biblioteca móvel, ajudando o “Librotraficante” a construir uma série de bibliotecas ‘subterrâneas’ onde livros proibidos podem ser encontrados”.

Nota-se que as campanhas de proibição de livros pelos republicanos proliferaram após a contestação e enfrentamento ao racismo, após o assassinato de George Floyd por um policial, além do impacto desproporcional do Covid-19 nas comunidades de pessoas negras e de outras minorias étnicas.

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