Uma exposição que documenta a violência e os assassinatos de mexicanos e mexicano-americanos na fronteira do Texas foi premiada com uma bolsa nacional do instituto American History Association, a genius grant, que será utilizada para difundir o conhecimento sobre uma parte negligenciada da história estadunidense.
A exposição bilíngue e itinerante intitulada “Vida e Morte na Fronteira, 1910-1920”, do projeto “Recusando-se a Esquecer”, relata uma década de violência racial e terrorismo sancionados pelo Estado que ocorreram em grande parte na fronteira Texas-México nos anos 1900.
Segundo informação do site da
Universidade do Texas, em Austin, “‘Recusando-se a esquecer’ é um projeto colaborativo e interdisciplinar com membros de todo o Texas. Foi fundado em 2014, quando um grupo de professores se reuniu para discutir maneiras de comemorar o centenário de um período de violência anti-mexicana generalizada e sancionada pelo Estado ao longo da fronteira Texas-México. Desde a sua fundação, o projeto tem trabalhado para trazer essa e outras histórias negligenciadas de volta ao conhecimento público de inúmeras maneiras, inclusive por meio de palestras e exposições em museus e no formato online. Este trabalho também permite que ‘Recusando-se a Esquecer’ se envolva e informe o público sobre questões de direitos civis que abrangem o século passado e além”.
Muitas pessoas não tiveram acesso à história de uma década de assassinatos sancionados pelo Estado, incluindo linchamentos e “inúmeras execuções de pessoas inocentes. Algumas pessoas foram retiradas de suas terras e famílias foram expulsas de suas casas. Houve ‘batidas’ mortais nas comunidades, bem como detenções ilegais”, segundo a
NBC News.
A exposição se baseia em documentos, fotos e outros materiais gráficos para contar a história da violência que foi cometida, em grande parte, pela força policial estadual, o Texas Rangers. Com a doação de US$ 74.000 da American History Association, financiada pelo National Endowment for the Humanities, os organizadores esperam levar a exposição para cidades do Texas em 2023, coincidindo com o bicentenário dos Texas Rangers.
“Isso faz parte de nosso esforço para tornar acessível uma história muito mais precisa da força Ranger e seu papel em infligir violência em uma população que muitas vezes era rotulada como potencial bandido revolucionário, porque isso coincide com a Revolução Mexicana”, disse a co-fundadora do projeto, Sonia Hernández, professora associada de história da Texas A&M University, segundo a publicação da NBC.
A exposição, marcada pela denúncia da violência racial, está em exibição há oito anos, e marcou o primeiro reconhecimento da violência por uma instituição estatal, segundo Monica Muñoz Martinez, cofundadora do projeto e autora de “A injustiça nunca te abandona”. Desde então, mais de 40.000 pessoas do Texas e de todo o país viajaram para o museu para contemplar a mostra.