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Significados da celebração do “Dia dos Mortos” para os mexicanos

Editores | 06/11/2022 17:25 | CULTURA E SOCIEDADE
IMG wikimedia Commons - Foto: Alejandra Echevarría

Milhões de mexicanos dentro e fora dos Estados Unidos celebram o “Dia de los Muertos”, ou o “Dia dos Mortos”, no feriado em que tradições indígenas e católicas se misturam para homenagear entes queridos que morreram.


Segundo a tradição, enquanto os mortos são celebrados por alguns dias, as almas dos entes queridos retornam à Terra para compartilhar novamente memórias com os vivos. Em 1º de novembro se homenageiam as crianças falecidas e em 2 de novembro as homenagens se concentram nos adultos que partiram. Nestes dias também celebram o “Dia de Todos os Santos” e o “Dia de Finados”, respectivamente.


“O Día de los Muertos é celebrado não apenas em todo o México, mas também em cidades dos Estados Unidos, como Los Angeles e Nova York, onde são realizadas grandes oferendas, desfiles e eventos culturais. Países como Espanha, Filipinas, Brasil e Guatemala, entre outros, também têm tradições para celebrar seus falecidos. Tanto os locais públicos como as casas estão cheios de altares ou oferendas para homenagear os entes queridos com suas coisas favoritas, e as decorações incluem flores cempasúchil (malmequer), recortes de papel, velas, sal, água, chocolate, caveiras de açúcar, pan de muerto (pão dos mortos) e as comidas e bebidas favoritas do falecido”, de acordo com publicação da NBC News.


As crenças populares variam dependendo da região mexicana. Além dos dias 1 e 2 de novembro, 28 de outubro é comemorado para aqueles que morreram tragicamente ou acidentalmente, e 30 de outubro é dedicado àqueles que morreram sem serem batizados e estão no limbo.


Os antigos mexicanos consideravam a morte uma transição, não o fim da existência, mas o início da jornada para Mictlan, o lugar de descanso eterno na mitologia asteca.


Segundo Diana Martínez, acadêmica do Instituto de Pesquisas Antropológicas da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), “após a Revolução Mexicana e os primeiros anos de independência, o que significava ser mexicano foi reavaliado, e isso promoveu uma série de tradições como o Dia dos Mortos. Na década de 1930, o presidente Lázaro Cárdenas promoveu a celebração, tentando distanciá-la um pouco da Igreja Católica e enfatizando suas raízes indígenas, pré-hispânicas”.


Em 2008, a UNESCO declarou Día de los Muertos Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e, nos últimos anos, transcendeu fronteiras, tornando-se um fenômeno cultural potencializado por filmes como “Coco”, da Pixar, que arrecadou mais de US$ 800 milhões em todo o mundo.


Conforme a publicação da NBC, “o Dia dos Mortos foi destaque na memorável cena de abertura do filme de James Bond de 2015 ‘Spectre’, em que o ator Daniel Craig seduz uma catrina – o esqueleto feminino – enquanto corre, pula, atira e explode um prédio no Centro Histórico de Cidade do México durante o desfile do Día de los Muertos”.


É um caso em que a realidade imita a ficção porque aquele desfile nunca foi feito, mas agora é comemorado todos os anos: em 2021, mais de 400.000 pessoas participaram.


O fascínio e o respeito da cultura mexicana pela morte tem sido um motivo recorrente na tradição literária do país. Escritores importantes como José Revueltas, Carlos Fuentes, Octavio Paz e Juan Rulfo refletiram sobre isso em suas obras.


“Fato é que a obsessão do mexicano em misturar a morte com a celebração dos rituais e da vida cotidiana é algo muito nosso, e é isso que chama a atenção em outras partes do mundo”, disse Enrique Rodríguez Balam, pesquisador do Centro Peninsular de Humanidades e Ciências Sociais da UNAM para a NBC.

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