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Quem é considerado hispânico nos Estados Unidos?

Editores | 13/09/2023 11:15 | CULTURA E SOCIEDADE

Um relatório do PewResearch Center suscitou questões relacionadas à identidade hispânica nos Estados Unidos, destacando ainda como essa identidade tem evoluído e como é medida ao longo do tempo.


A publicação menciona que os debates sobre quem é considerado hispânico têm sido frequentes nos Estados Unidos, especialmente entre aqueles com herança latina ou espanhola. O censo de 2020 e as mudanças na forma como a identidade hispânica é medida trouxeram essas questões à tona.


O Census Bureau estimou que havia cerca de 63,7 milhões de hispânicos nos EUA em 2022, representando 19% da população do país. No entanto, a definição de quem é considerado hispânico tem evoluído ao longo dos anos. Algumas abordagens incluem qualquer pessoa que se autodeclare como hispânica, enquanto outras podem ter exceções se alguém selecionar uma categoria não-hispânica, como “Irlandês”, mesmo que se identifiquem como hispânicos.


No censo de 2020, houve uma mudança notável, onde as pessoas que responderam à questão racial de forma a implicar uma origem hispânica (por exemplo, “mexicana” ou “argentina”) foram contabilizadas como hispânicas, mesmo que não tivessem marcado a caixa com a opção “hispânica”. Essa mudança afetou cerca de 1% ou menos dos hispânicos.


A identidade hispânica também está relacionada com a raça. Embora o Census Bureau defina os hispânicos como uma etnia e não uma raça, há debate sobre como as pessoas veem essa identidade. Algumas pesquisas mostram que alguns hispânicos consideram isso principalmente uma questão de raça, enquanto outros veem como uma questão de ancestralidade ou cultura. A pesquisa também mostra que a identificação racial varia entre os hispânicos, com muitos optando por “alguma outra raça”.


Em 2023, um grupo de trabalho do OMB [Gabinete de Gestão e Orçamento] procurou obter feedback do público sobre uma proposta para combinar as questões raciais e étnicas colocadas em inquéritos federais, incluindo o censo decenal. A proposta acrescentaria caixas de seleção para ‘hispânico ou latino’ e ‘Oriente Médio ou Norte da África’. As autoridades esperam que as mudanças reduzam o número de americanos que escolhem a categoria ‘Alguma outra raça’, especialmente entre os hispânicos. A revisão da proposta está prevista para estar concluída até ao verão de 2024. As mudanças aprovadas seriam implementadas no censo de 2030 e em outras pesquisas do Census Bureau. No entanto, vale a pena notar que o feedback público incluiu preocupações de que a combinação das questões de raça e etnia poderia levar a uma subestimação da população afro-latina do país”, segundo a mesma publicação.


O texto aponta que existe um debate sobre a distinção entre os termos “Hispânico” e “Latino”. Alguns argumentam que “Hispânicos” são aqueles com origem na Espanha ou em países de língua espanhola na América Latina, enquanto “Latinos” incluiriam pessoas de toda a América Latina, independentemente da língua, o que exclui Espanha e Portugal.


Apesar das definições oficiais, o relatório destaca que esses rótulos não são universalmente adotados pela população que se enquadra nessas categorias. Algumas pesquisas revelaram que muitos hispânicos preferem usar outros termos para descrever sua identidade, como o país de origem de sua família ou até mesmo se identificar como americanos.


O relatório mencionado revela que as preferências variam, com 53% dos hispânicos preferindo se descrever como “hispânicos”, 26% preferindo “latino”, 2% optando por “latinx” e 18% não tendo uma preferência clara.


A cor da pele também desempenha um papel na identidade hispânica, com a maioria dos latinos tendo tons de pele variados. O texto mostra que a cor da pele pode influenciar as experiências de vida diária e as oportunidades percebidas pelos latinos.


[...] Oito em cada dez latinos selecionaram uma das quatro cores de pele mais claras, e a segunda mais clara era a mais comum (28%), seguida pela terceira (21%) e quarta cores mais claras (17%). Por outro lado, apenas 3% selecionaram uma das quatro cores de pele mais escuras”.


A publicação também aborda a existência da identidade afro-latina, que coexiste com a identidade hispânica para algumas pessoas, mas não para todas. Cerca de 6 milhões de adultos afro-latinos vivem nos EUA, e aproximadamente um em cada sete deles não se identifica como hispânico.


A origem ou ascendência também pode influenciar a identidade hispânica, com pessoas de diferentes países de origem mais propensas a se identificarem como hispânicas nos formulários do censo. Por exemplo, quase todos os imigrantes de países latino-americanos autodenominam-se hispânicos, mas a auto identificação varia entre as gerações.


É importante a menção sobre como o Census Bureau mudou a forma como conta os hispânicos ao longo do tempo, desde a inclusão da pergunta étnica em 1980 até as mudanças nas categorias de perguntas e respostas ao longo dos anos. “Oficialmente, os brasileiros não são considerados hispânicos ou latinos porque a definição do governo federal – revisada pela última vez em 1997 – aplica-se apenas àqueles de “cultura ou origem espanhola”. No entanto, “um erro na forma como o Census Bureau processou os dados de uma pesquisa nacional de 2020 pelo menos 416 mil brasileiros – mais de dois terços dos brasileiros nos EUA – se descreveram como hispânicos ou latinos no ACS e foram erroneamente contados dessa forma. Apenas 14 mil brasileiros foram contados como hispânicos em 2019, e 16 mil foram em 2021”, segundo a pesquisa.


Em resumo, o relatório explora a complexidade da identidade hispânica nos Estados Unidos, incluindo como ela é medida, como se relaciona com raça, cor da pele e origem. É importante acompanhar a forma como essas questões têm evoluído ao longo do tempo, conforme o crescimento da população hispânica no país tem influenciado cada vez mais diversas decisões políticas e econômicas no país.

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