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A disputa eleitoral para governador de Porto Rico tem reviravolta com a entrada de terceiro partido de coalizão

Editores | 04/11/2024 10:20 | POLÍTICA E ECONOMIA
IMG Rudy Cardoso

A iminente eleição para governador em Porto Rico se destaca em um cenário eleitoral inédito. Pela primeira vez em mais de sete décadas, um novo partido de coalizão, chamado “Alianza”, surge com reais chances de vencer, desafiando o monopólio político do Novo Partido Progressista (PNP) e do Partido Popular Democrático (PPD). Tradicionalmente, esses dois partidos têm dominado as eleições, sendo que o PNP defende a estadidade (transformação de Porto Rico em um estado dos EUA), enquanto o PPD apoia o atual status de território associado.


Neste ano, porém, Juan Dalmau, candidato do “Partido da Independência” de Porto Rico, está ganhando força significativa ao liderar a “Alianza”. Essa coalizão foi formada pelo “Partido da Independência” e o “Movimento da Vitória dos Cidadãos”, um partido menor fundado em 2019. O objetivo da aliança é superar a divisão de votos entre os pequenos partidos e fortalecer uma terceira via que priorize governança eficiente em detrimento da questão do status político. A “Alianza” se apresenta como uma alternativa aos dois partidos tradicionais, buscando atrair eleitores insatisfeitos com a administração atual e a corrupção endêmica, segundo matéria da NBC News.


Os problemas de governança em Porto Rico agravaram-se nas últimas décadas, com crises financeiras, desastres naturais (como o furacão María em 2017 e terremotos em 2020), e medidas de austeridade que minaram serviços públicos. Em 2015, a ilha enfrentou uma crise de dívida de US$ 72 bilhões, levando o Congresso dos EUA a aprovar a lei PROMESA, criando um conselho fiscal que impôs duros cortes orçamentários. Esse histórico de crises e dificuldades impulsionou os protestos de 2019 contra o então governador Ricardo Rosselló, aumentando a insatisfação com o sistema político, ainda segundo a NBC.


A “Alianza” enfrenta resistência de parte do eleitorado que vê o status político como central para as eleições e não apoia a independência, ainda que Dalmau prometa priorizar uma governança honesta em vez de promover a independência. A maioria dos porto-riquenhos ainda prefere a estadidade ou o status atual com os EUA, e essa questão é usada por González, candidata pró-estado e principal oponente de Dalmau, para argumentar contra ele. Ela associa o programa de social-democracia de Dalmau ao comunismo, explorando temores de independência arraigados desde a Guerra Fria.


Outro desafio para a “Alianza” é a legislação eleitoral de 2020, que confere ao partido dominante uma vantagem estrutural, como no processo de voto antecipado, no qual o PNP já assegurou cerca de 200.000 votos para González. Suspeitas de fraudes eleitorais surgiram, com o registro de falecidos em eleições passadas, o que motivou a supervisão adicional pelo Departamento de Justiça.


No contexto atual, todos os candidatos rejeitaram comentários racistas de um comediante americano sobre Porto Rico, com Dalmau e Ortiz criticando a associação de González ao ex-presidente Donald Trump. Embora González lidere as pesquisas com uma margem estreita, analistas sugerem que o apoio dos jovens e o surgimento de um quarto partido, o “Projeto Dignidade”, que defende uma democracia cristã, podem influenciar o resultado e levar a uma vitória inédita de um partido fora do tradicional espectro político com o candidato Javier Jiménez, segundo a publicação.


Assim, a eleição representa uma escolha entre a continuidade do status quo e a intenção de mudança promovida pela “Alianza”, em meio a um contexto de desilusão generalizada e desejo de renovação política na ilha.

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