Uma organização de direitos dos imigrantes, a
United We Dream Action, divulgou novo relatório no qual explora as opiniões dos jovens latinos sobre o tema da imigração, lançando luz sobre um dos grupos de eleitores mais importantes nas eleições de meio de mandato, como a que ocorrerá em alguns meses.
As Fake News e campanhas de desinformação via mídias digitais atingiram duramente as comunidades latinas antes e durante as eleições presidenciais de 2020, assunto que já
tratamos aqui.
Algumas das notícias disseminadas via tweets, mensagens do WhatsApp e vídeos do YouTube, incluíam teorias da conspiração, como a criada em 2017 pela extrema-direita, o “QAnon”, e alegações infundadas sobre terroristas e criminosos que estariam atravessando a fronteira EUA-México.
Agora, com as eleições de 2022 a meses de distância e os dois partidos disputando os votos de um dos grupos mais importantes da política americana, a organização é liderada principalmente por jovens, explora profundamente o envolvimento online dos latinos com material sobre imigração.
Nesse contexto, a organização se uniu ao Harmony Labs, um grupo de pesquisa sem fins lucrativos em Nova York, para estudar os hábitos de consumo de televisão e de conteúdo online de mais de 20.000 latinos em todo o país, que concordaram em compartilhar seus dados durante o período entre 1º de janeiro a 31 de agosto de 2021.
As descobertas da pesquisa apontam que os latinos acima dos 36 anos foram os mais propensos a encontrar narrativas anti-imigrantes do que outros grupos, principalmente por meio de sites de notícias de grupos políticos de direita, televisão e YouTube.
Foi encontrado também uma divisão de gêneros nos resultados obtidos nos grupos de latinos mais jovens.
Segundo publicação do
“The New York Times”, “as latinas com idades entre 18 e 35 anos extraíram informações de uma variedade muito maior de fontes de notícias e entretenimento do que suas contrapartes de maior idade e, segundo a análise, foram mais propensas a buscar histórias não apenas sobre políticas de imigração, mas também sobre imigrantes e a experiência imigrante. Suas consultas de pesquisa e consumo de conteúdo envolveram curiosidade e direcionamento à comunidade, refletindo ‘um desejo de entender e se envolver com as pessoas e o mundo ao seu redor’.”
No entanto, os resultados em relação aos jovens latinos na mesma faixa etária foram muito diferentes. “Muitos jovens latinos passavam grande parte do tempo online se envolvendo com jogos de anime e fantasia, e não consumiam de forma frequente mídias sobre imigração ou imigrantes [...]. Quando consumiam conteúdo de imigração, tendia a ser sobre política e se originava de fontes conservadoras”, de acordo com a publicação.
As jovens latinas tendem a ser mais liberais do que seus pares masculinos e estão mais preocupadas com questões de justiça social e equidade como racismo, imigração e mudanças climáticas. Apesar dessas diferenças, tanto os jovens latinos quanto as jovens latinas demonstraram menos interesse pela política e as principais personalidades “políticas” eram influenciadores que discutem uma ampla variedade de tópicos culturais.
Ainda segundo a pesquisa, a maioria dos jovens latinos e latinas se identificam como independentes ou não têm filiação a nenhum dos principais partidos políticos. Isso ocorre, em parte, porque muitos se sentem alienados da política e não representados por nenhum dos partidos. Nota-se que, em 2020, Donald Trump melhorou seu desempenho entre esses eleitores em algumas partes do país.
“Para combater quaisquer mensagens políticas no atual ciclo eleitoral na pretensão de semear racismo, divisão ou confusão entre os eleitores, o grupo Mercado tem contado com as ‘promotoras de la verdad’, organizadoras latinas que atuam como ‘guerreiras da verdade’ e que têm sondado as residências para combater a desinformação sobre questões incluindo o coronavírus, vacinas, e a lei recentemente aprovada na Flórida que restringe a discussão em sala de aula sobre orientação sexual e identidade de gênero [...]”.
A representante do grupo Mercado declarou ao The New York Times que “as mulheres latinas estão se organizando para retomar a narrativa e a desinformação que envenenam nossa comunidade, mas elas não podem fazer isso sozinhos”.