Até o momento, 51 imigrantes morreram após ficarem presos dentro de um caminhão encontrado abandonado no Texas, disseram autoridades estadunidenses na terça-feira (28), quando dois mexicanos ligados ao tráfico de pessoas foram acusados em tribunal federal dos EUA.

Os imigrantes falecidos, 39 homens e 12 mulheres, foram encontrados na segunda-feira (27) em uma área industrial nos arredores de San Antonio, Texas, cerca de 250 quilômetros ao norte da fronteira entre EUA e México. “Ao menos 27 mexicanos, 3 guatemaltecos e 4 hondurenhos estariam entre os mortos, segundo autoridades dos três países. Não houve informações imediatas sobre a nacionalidade das outras vítimas”, segundo a agência Reuters.

O incidente marcou a maior perda de vidas já registrada em uma tentativa de tráfico de pessoas nos Estados Unidos, segundo o Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE).

De acordo com a publicação, “as autoridades locais descreveram ter encontrado a porta traseira do trailer aberta com ‘pilhas de corpos’ dentro, enquanto outros estavam espalhados nas proximidades. Algumas das vítimas estavam quentes ao toque, disseram eles”. Dentre os sobreviventes, havia dezesseis pessoas (12 adultos e 4 crianças) que foram transportados para hospitais da região para tratamento de insolação e exaustão.

Dois homens foram acusados pela morte desses imigrantes de acordo com queixas criminais apresentadas no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Oeste do Texas:

“Juan Claudio D'Luna-Mendez e Juan Francisco D'Luna-Bilbao foram acusados de ‘posse de arma por um estrangeiro ilegal nos Estados Unidos’, de acordo com as queixas criminais apresentadas na segunda-feira, no mesmo dia em que os imigrantes foram encontrados. [...] Ambos são cidadãos mexicanos que residem ilegalmente nos EUA”, conforme apurado pela CNN.

Os investigadores rastrearam o registro do veículo do caminhão até um endereço de San Antonio que estava sob vigilância, e prenderam os dois homens separadamente quando cada um foi visto saindo das residências. 

Segundo Craig Larrabee, agente especial encarregado das Investigações de Segurança Interna, para a CNN, as organizações de tráfico de pessoas hoje estão ligadas aos cartéis. “Então, você tem uma organização criminosa que não se preocupa com a segurança dos migrantes. Eles são tratados como mercadorias e não como pessoas”.

A descoberta ocorreu quando as autoridades federais dos EUA lançaram o que descreveram como uma operação “sem precedentes” para interromper as redes de contrabando de pessoas em meio a um influxo de imigrantes na fronteira entre EUA e México.

“O presidente Joe Biden descreveu a descoberta como ‘horrível e comovente’, dizendo que as mortes enfatizam a necessidade de perseguir redes criminosas de tráfico. ‘Explorar indivíduos vulneráveis com fins lucrativos é vergonhoso, assim como a arrogância política em torno da tragédia, e meu governo continuará fazendo todo o possível para impedir que contrabandistas e traficantes se aproveitem de pessoas que procuram entrar nos Estados Unidos [...], de acordo com a CNN.

As mortes destacaram o desafio que o tema da imigração tem sido ao governo Biden, que assumiu o cargo na presidência prometendo reverter algumas das políticas mais restritivas de imigração formuladas pelo seu antecessor, Donald Trump. Os republicanos criticam durante a estratégia de fronteira do presidente, a qual também tem sido motivo de discordâncias internas ao Partido Democrata.