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Com referências à obra “Cem anos de Solidão”, a animação da Disney “Encanto” realiza sua estreia mundial com exaltação da cultura latina e da união familiar

Editores | 08/12/2021 00:22 | CULTURA Y SOCIEDAD
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O filme “Encanto” como a 60.ª animação produzida pela Disney Animation, além de contemplar a importância da representativa cultural nas telas, ressalta a importância do núcleo familiar a partir de uma história mágica marcada pelas influências latino-americanas.

O enredo do filme é centrado na família dos Madrigais, que vive escondida nas montanhas da Colômbia em um lugar chamado Encanto. Cada membro da família, com exceção da personagem principal, Mirabel, tem um dom mágico especial que os ajudam a zelar pela comunidade local. 

Com uma forte referência e tributo a cultura latina, o compositor e diretor musical do filme, Lin-Manuel Miranda – responsável por sucessos como Hamilton e Moana, e ganhador de muitos prêmios, incluindo Grammys e Emmys – oferece uma trilha sonora fascinante de canções que combinam salsa, bachata e hip-hop tocadas com instrumentos folclóricos tradicionais da Colômbia.
“Se ‘Viva - A vida é uma festa!’ se inspirou em uma importante tradição mexicana – o Dia dos Mortos – a narrativa do Encanto não se baseia em uma tradição, mas em um livro: Cem Anos de Solidão, do ganhador do Prêmio Nobel Gabriel García Márquez. O famoso romance colombiano se passava na enorme casa dos Buendía, uma família governada pela matriarca Ursula Iguaran, fundadora do povoado de realismo mágico chamado Macondo. Entre muitas personagens, passaram por lá Remedios, a Bela, a mulher mais linda que poderia matar com seu charme, ou as centenas de borboletas amarelas que perseguiram Mauricio Babilônia. Na cidade de Encanto não existe Úrsula Iguaran, mas existe outra matriarca, Alma, a avó que sobreviveu ao deslocamento; não existe Remedios, a Bela, mas sim Isabella, uma neta cujo dom mágico é ser tão bela que as flores brotam por onde ela anda”. 

“Macondo é, para a Disney, aquela cidade com grandes famílias de migrantes em busca de um futuro melhor, mas sem a parte trágica do romance que narra um massacre. Não sabemos se os Madrigal são deslocados pelas FARC, ou pelos paramilitares, ou pelo exército colombiano, o que os faria parte das nove milhões de vítimas deixadas pela guerra e cujo futuro era mais trágico e complexo que o dos Madrigal. A figura dos ‘bandidos’ do filme é tão ambígua que, na análise de um crítico de São Francisco, o autor acredita que quem desloca a família é a patrulha da fronteira: os agentes de imigração dos Estados Unidos. Talvez seja essa ambiguidade o que permite que seja adequado para crianças de todo o mundo, mas nesta cidade de migrantes isso pouco importa. Em Encanto, o ‘mal’ passa à margem do enredo”.

Conforme a crítica apresentada pelo “The New York Times”, o filme surpreende pelos detalhes: “a animação por computador, uma das melhores de qualquer grande estúdio nos últimos anos, apresenta uma confabulação deslumbrante de tons e uma tecelagem meticulosa de detalhes preciosos – como os bordados nas saias, a crosta marrom-dourada de uma arepa de queijo e a seleção da flora nativa colombiana”.

Em referência ainda à crítica do filme em “El País”, a película anda evidencia, “as enormes rupturas dentro de uma família nuclear. Às vezes, é normal não querer ser superpoderoso, especialmente no século 21, e é normal não tentar satisfazer os desejos dos mais velhos. Para quem vê com os filhos, o encanto da música e dos desenhos animados é para as crianças, mas a mensagem mais urgente é para os adultos. Talvez as expectativas de seus filhos acabem se quebrando, e tudo bem, isso também é um encanto”.

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