O aumento das prisões de imigrantes levou o governo estadunidense a buscar maneiras de expandir sua capacidade de detenção para cumprir a promessa de deportações em massa feita pelo ex-presidente Donald Trump. Segundo matéria da NBC News, Tom Homan, responsável pela política de fronteira de Trump, disse que o ICE (U.S. Immigration and Customs Enforcement) necessita de 100.000 leitos para deter os imigrantes, número que supera em mais que o dobro a capacidade atual. Em linha com essa estratégia, Trump ordenou que o Pentágono e o Departamento de Segurança Interna preparassem 30.000 leitos na Baía de Guantánamo para aqueles considerados a maior ameaça à segurança nacional.
As instalações de detenção, consideradas o alicerce do plano de deportação, enfrentam uma realidade de variações nos números de apreensões. Enquanto a administração Biden registrava, em setembro de 2024, uma média de 282 detenções diárias, dados recentes indicam que, sob as diretrizes de Trump, essa média chegou a 791 por dia, reflexo da orientação para prender o máximo de pessoas possível. Esse esforço ocorre mesmo diante de um déficit orçamentário de US$ 230 milhões no ICE e sem a inclusão de recursos adicionais no Laken Riley Act, lei que obriga a detenção de imigrantes indocumentados envolvidos em determinados crimes.
Além disso, o Congresso destinou recursos para manter uma média diária de 41.500 detentos, um aumento em relação ao ano fiscal anterior, e o custo por leito é de aproximadamente US$ 57.000 por ano.
“Isso foi um aumento em relação ao ano fiscal de 2023, quando o Congresso forneceu financiamento para deter uma média diária de 34.000 pessoas, custando cerca de US$ 2,9 bilhões. A Câmara está no meio de uma tentativa de elaborar um projeto de lei orçamentária que incluiria dinheiro para Trump e sua repressão à imigração; os republicanos do Congresso estimaram o preço em cerca de US$ 100bilhões”.
Historicamente, o número de imigrantes detidos chegou a picos de 50.000 durante o primeiro mandato de Trump, mas reduziu significativamente com a chegada da Covid-19. A complexa rede de detenção envolve instalações federais, estaduais, locais e, em grande parte, privadas, evidenciando a amplitude do sistema.
Enquanto o governo Biden tentou ampliar a capacidade de detenção, o governo Trump já recorre a alternativas, como a utilização de espaços militares – por exemplo, a Buckley Space Force Base, em Colorado – para processar imigrantes com antecedentes criminais. Essa postura tem levado o Departamento de Justiça a investigar autoridades locais que se recusam a cooperar com a aplicação das leis federais de imigração, uma medida que contrasta com a postura de alguns estados, como Illinois e Nova Jersey, que têm limitado ou proibido novas construções de centros de detenção.
Críticas persistentes apontam para as condições precárias desses centros, que incluem falta de acesso a assistência jurídica, atendimento médico insuficiente e problemas estruturais, como os observados na seção de Guantánamo Bay destinada aos detidos interceptados no mar. Relatos de ex-detentos e funcionários descrevem instalações degradadas, onde famílias com crianças pequenas são alojadas com adultos solteiros e onde a comunicação com advogados é severamente restringida. Muitas vezes, os imigrantes permanecem nessas condições por longos períodos, aguardando que um terceiro país aceite sua repatriação, situação agravada pela recusa de alguns países, como Cuba e Venezuela, segundo a NBC.