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Sob o governo Trump, tropas militares vão iniciar vigilância na fronteira sul dos EUA

Editores | 08/04/2025 16:50 | POLÍTICA E ECONOMIA
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O governo do então presidente Donald Trump deu início a uma nova fase em sua política de repressão à imigração ao autorizar a atuação direta de tropas militares na fronteira sul dos Estados Unidos. Segundo publicação do Politico, pela primeira vez, centenas de soldados passarão a realizar vigilância ativa na região, deixando de atuar apenas em funções de apoio logístico para assumir um papel mais próximo da linha de frente. A operação inclui o uso de veículos blindados de infantaria Stryker, além da utilização de equipamentos de visão noturna para monitoramento de áreas abertas, conforme revelado por oficiais de defesa envolvidos no planejamento.


Essas tropas, pertencentes à 2ª Brigada da 4ª Divisão de Infantaria, serão destacadas especialmente para o Texas e o Arizona. Embora a legislação americana proíba militares de realizar detenções de civis ou exercer funções típicas da aplicação da lei, os soldados terão autorização para conduzir patrulhas a pé e transportar agentes da Patrulha de Fronteira até os pontos onde a presença desses profissionais se fizer necessária. Segundo o general Gregory Guillot, comandante do Comando Norte dos EUA, essa logística permitirá que os agentes da lei estejam presentes ou em locais próximos durante as operações, possibilitando respostas rápidas a eventuais incidentes.


O Exército também informou que os militares destacados para a fronteira estarão armados e poderão agir em legítima defesa, caso sejam atacados. O uso de tecnologia avançada e a presença ostensiva de tropas são parte de um esforço maior para criar uma zona-tampão ao longo dafronteira. Essa zona de proteção, que ainda está em fase de avaliação, seria estabelecida em terras federais localizadas no estado do Novo México, sob a jurisdição do Departamento do Interior. O objetivo seria ampliar a vigilância sobre o tráfego de migrantes e impedir sua entrada em território norte-americano.


Contudo, a proposta da zona-tampão levanta questionamentos legais. A ideia é que, ao transformar essas faixas de terra em áreas de proteção militar, o governo possa justificar a detenção de migrantes sob a alegação de que estão invadindo propriedade militar. Essa manobra evitaria a necessidade de acionar o Insurrection Act de 1807, uma medida extrema que permitiria às forças armadas deter civis, mas que possui forte carga política e jurídica.


Especialistas jurídicos demonstram ceticismo quanto à legalidade da proposta. Joseph Nunn, advogado do Brennan Center for Justice e especialista no uso interno das forças armadas, argumenta que essa iniciativa representa uma distorção da doutrina do “propósito militar”. Segundo ele, trata-se de uma tentativa de contornar as restrições legais impostas pelo Congresso para permitir a atuação das forças armadas em funções de segurança pública, o que pode ser contestado judicialmente.


A movimentação das tropas e os planos para ampliar seu papel na fronteira revelam a disposição da administração Trump em explorar ao máximo os recursos militares para reforçar sua política de imigração, mesmo sob críticas e possíveis impasses legais. O debate sobre os limites do uso das forças armadas no território nacional, especialmente em temas tão sensíveis quanto a imigração, permanece aberto e deverá continuar gerando controvérsias.

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