Ativistas e acadêmicos preocupados em debater as diferenças entre os termos “Hispânico”, “Latino” e “Latinx”, transitando pelas categorias de identidade, idioma e comunidade, acabaram, muitos deles, por apoiar e adotar aquele que contemplasse abrangentemente a população latina/hispânica no país.
Embora o debate ter se iniciado na última década, foi apenas nos últimos anos que o termo “Latinx” ganhou destaque e atraiu resistência daqueles que se opõem ao seu uso, que também foi proposto como uma alternativa às línguas que seguem o binário de gênero, como o espanhol e o português.
Uma
pesquisa recente realizada pela Bendixen & Amandi International, uma importante instituição de orientação Democrata especializada em publicações para a comunidade latina, investigou melhor as percepções sobre os termos. Em novembro do ano passado, os pesquisadores perguntaram a 800 pessoas de diferentes faixas etárias (hispânicos/latinos) qual termo estaria mais próximo em descrever sua origem étnica. Na média geral dos adultos entrevistados, 2% disseram preferir o termo “latinx”, 68% votaram pelo termo “hispânico” ou “hispânica”, enquanto 21% escolheram “latino” ou “latina”, independentemente se nascidos ou não nos Estados Unidos. Nota-se que dentre aqueles que escolheram o termo “latino”, quase o dobro nascera no exterior.
Perguntados se o termo “Latinx” é ofensivo para descrever a comunidade latina/hispânica, uma média geral de 40% respondeu que incomoda ou ofende em algum grau, e mais de 50% dos entrevistados responderam não sentir incômodo algum. No entanto, o que gerou um debate maior no campo político, foi que a média de 30% dos entrevistados concordaram que estariam menos propensos a apoiar um político ou organização política que utilizassem o termo, apesar de uma média de 50% das pessoas não perceberem nenhuma diferença do termo nessa questão.
Em consonância, outras pesquisas, como a realizada pelo
Pew Research Center, descobriu que apenas 3% dos hispânicos empregam o termo “Latinx”; assim como a realizada pela
Gallup que fixou a mesma descoberta em 4%.
Nos últimos meses, a crítica pelo uso de “latinx” tem sido orientada de forma mais contundente ao Partido Democrata, pois, na “medida que os democratas procuram alcançar os eleitores latinos de uma maneira mais neutra em termos de gênero, eles começam a usar cada vez mais a palavra latinx, um termo que começou a ganhar força entre acadêmicos e ativistas de esquerda, segundo publicação do
“Político”, apesar do número significativo de rejeição.
Ainda segundo a publicação, a tática democrata de maior aproximação aos descendentes de latino-americanos se referindo a eles como “latinx”, seria um esforço contraproducente, já que não estaria conformada aos dados das pesquisas mencionadas.
“Como alguns, na esquerda começaram a abraçar o termo Latinx na política, iniciou-se a exposição de uma linha divisória no Partido entre os tradicionalistas moderados e a base progressista mais ativista. Aqueles que abraçam o Latinx explicaram que a palavra — e a tendência de tornar as palavras espanholas inclusivas de gênero terminando-as em um X — não é um produto da esquerda ou das elites brancas dos EUA, mas, em vez disso, pode ser rastreada até a América Latina e os latinos. É também uma alternativa ao hispânico, um termo também criticado por seus laços com a Espanha, que colonizou grande parte da América Latina”, observou a publicação do “Político”.
Ativistas e progressistas que advogam pelo uso do termo, consideram importante a aproximação política aos eleitores latinos jovens que se identificam na luta pelo combate ao machismo e às construções conservadoras de gênero. Apesar dos proeminentes democratas, como o presidente Joe Biden e a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, incluírem o termo “Latinx” em seus discursos, a tática republicana parece se utilizar dessa “falha” tática para ampliar sua influência política sobre a comunidade latina/hispânica no país.