Um
novo relatório divulgado pelo Joint Economic Committee do Congresso dos EUA (JEC) descobriu que cerca de 20% dos adultos dos EUA não têm conta bancária (unbanked) ou não têm acesso suficiente aos principais serviços e produtos financeiros oferecidos por bancos (underbanked), o que significa que essas pessoas dependem de serviços financeiros alternativos.
Além disso, o relatório intitulado “Pessoas negras e comunidades de baixa renda são desproporcionalmente prejudicadas pela exclusão bancária e financeira”, demonstrou que uma parcela desproporcional desses 20% compreendem pessoas com essas características.
O deputado americano Don Beyer (D-VA), presidente do JEC, comentou na
publicação do relatório que: “O acesso a serviços bancários e financeiros é vital para participar ativamente de nossa economia. No entanto, muitos trabalhadores, consumidores e empresários de comunidades de baixa renda e comunidades negras, estão sendo mal atendidos por nosso sistema financeiro. As barreiras à inclusão financeira total – como desertos bancários [áreas com serviços bancários inadequados ou insuficientes] e práticas predatórias de empréstimos – prejudicam não apenas as comunidades marginalizadas que são diretamente afetadas, mas também causam perdas em toda a economia ao exacerbar a desigualdade racial e de riqueza. O conjunto de evidências mostra que, garantir a todos os trabalhadores e famílias participação plena da economia, expande a atividade econômica e garante que o crescimento econômico seja mais forte, estável e mais amplo”.
Entre as principais conclusões do relatório, estão que:
• Os americanos negros e hispânicos são duas vezes mais propensos do que os americanos brancos a não ter conta bancária ou a não ter acesso ao banco, e as famílias na base da distribuição de renda têm seis vezes mais probabilidade do que as famílias no topo de estar entre as “não bancarizadas” ou “sub- bancarizadas”.
• Em muitas comunidades negras e latinas, os check cashers e os payday lenders (fornecedores de empréstimos rápidos com juros altos) são mais comuns do que as agências bancárias e oferecem horários mais acessíveis. Antes da pandemia de coronavírus, os americanos financeiramente carentes, sem acesso aos serviços bancários, gastaram cerca de US$ 189 bilhões em taxas e juros em produtos financeiros.
• As famílias negras e latinas são mais propensas do que as famílias brancas a serem negadas ou não receber tanto crédito quanto solicitado ao se inscreverem como solicitantes, e a diferença racial no acesso ao crédito aumenta para consumidores com renda familiar superior a US$ 100.000.
“Comunidades de baixa renda e comunidades negras foram fragilizadas repetidamente por nosso sistema financeiro, então não é de admirar que eles não confiem em bancos e enfrentem enormes barreiras para abrir uma conta bancária, descontar um salário e solicitar um empréstimo. Enquanto trabalhamos para criar uma economia mais inclusiva e focada no trabalhador, devemos eliminar a discriminação em nosso sistema bancário, proteger os americanos de predadores financeiros e expandir o acesso a serviços financeiros de qualidade para todos”, segundo disse o senador americano Sherrod Brown, presidente do Comitê de Bancos, Habitação e Assuntos Urbanos do Senado, para a publicação do relatório.
“A primeira frase deste relatório, ‘[o] acesso a serviços bancários e financeiros é essencial para a mobilidade econômica e oportunidade para todos os americanos’ diz tudo”, disse Darrick Hamilton, Professor Doutor de Economia e Política Urbana da Universidade Henry Cohen e Diretor Fundador do Instituto de Raça, Poder e Economia Política na The New School. “Com a dramática e persistente divisão de riqueza dos Estados Unidos e quase 40% dos negros americanos sem acesso aos bancos, as finanças privadas descentralizadas e as fintechs nunca foram suficientes. Este relatório propõe ações diretas na forma de serviços bancários públicos, avaliação alternativa de crédito e Baby Bonds, ou outras assistências de adesão para garantir acesso simples e universal ao capital, crédito e serviços de contas. Eu aplaudo o presidente Beyer e os membros do Comitê Econômico Conjunto por sua clareza e plano para o futuro”.
Ainda segundo a publicação oficial do relatório, Saqib Bhatti, co-diretor executivo do Centro de Ação sobre Raça e Economia, disse que “Os grandes bancos têm uma longa história de atacar comunidades de cor com práticas discriminatórias e extrativistas. No passado, eles visavam comunidades negras e pardas com exclusão racista através de práticas como redlining e criação de desertos bancários. Agora estamos vendo uma tendência de inclusão predatória, onde Wall Street está mirando nas mesmas comunidades com produtos de tecnologia financeira arriscados e não regulamentados. Precisamos que os legisladores responsabilizem os bancos e os obriguem a fornecer serviços financeiros de alta qualidade, seguros e acessíveis a todas as pessoas”.