O Bank of America lançou recentemente um programa piloto para facilitar e ampliar a aquisição de moradia às populações latinas e negras. Ao dispensar um pagamento inicial, pontuação mínima de crédito e seguro de hipoteca, a nova política bancária permite que alguns compradores adquiram a casa própria pela primeira vez em alguns bairros majoritariamente negros e/ou latinos. A iniciativa está ocorrendo em Charlotte, Dallas, Detroit, Los Angeles e Miami, especificamente em bairros onde os moradores negros e/ou latinos são a maioria.
O objetivo do programa é tornar viável a compra de imóveis entre comunidades que historicamente enfrentaram problemas de acesso ao mercado imobiliário e, principalmente, ajudar famílias negras e latinas a construir seu patrimônio ao longo do tempo. Apesar do destaque progressista da iniciativa, alguns analistas temem que o programa não seja suficientemente amplo e estruturado no sentido de apoiar os novos proprietários depois que eles adquirem uma casa.
Segundo comunicado do banco: “Este novo programa complementa o Community Homeownership Commitment de US$ 15 bilhões do Bank of America para oferecer hipotecas acessíveis, os maiores subsídios do setor e oportunidades educacionais para ajudar 60.000 indivíduos e famílias a comprar casas acessíveis até 2025. Por meio desse compromisso, o Bank of America já ajudou mais de 36.000 pessoas e famílias a se tornarem proprietárias de casas, tendo fornecido mais de US$ 9,5 bilhões em empréstimos com entrada baixa e mais de US$ 350 milhões em entrada não reembolsável e/ou doações para custos de contratação. Até o momento, dois terços dos empréstimos e doações feitos por meio do Community Homeownership Commitment ajudaram clientes multiculturais a adquirir casa própria”.
As desigualdades raciais no sistema habitacional do país remontam à escravidão e foram reforçadas por práticas segregadoras, como a prática redlining, em que agências federais se recusavam a garantir hipotecas para pessoas em determinadas áreas. O termo é mais associado a bairros negros.
Segundo matéria da NPR, “hoje, muitos moradores de bairros predominantemente negros ou hispânicos continuam enfrentado dificuldades no mercado imobiliário por motivos de práticas discriminatórias”.
Em 2020, os candidatos negros e latinos eram mais propensos a serem rejeitados para empréstimos hipotecários do que seus colegas brancos ou asiáticos, de acordo com um relatório de fevereiro da “Associação Nacional de Corretores de Imóveis”.
Segundo o mesmo relatório, a propriedade de imóveis adquiridos por pessoas negras era de apenas 43,4% no final de 2020, é uma porcentagem menor do que a taxa de uma década antes. Já a taxa de propriedade de imóveis adquiridos por latinos, subiu para um recorde de 51,1%, no entanto, ambas as taxas ainda estão bem abaixo da taxa de propriedade de aquisição de pessoas brancas, ou seja, de 72,1%.
A compra da primeira casa própria pode levar anos ou décadas para que as famílias consigam economizar o suficiente para um adiantamento em um imóvel. Isso pode ser especialmente verdadeiro para famílias negras e latinas que ganham cerca de metade da renda média de uma família branca, de acordo com um relatório de 2021 do Federal Reserve.
Para essas e demais famílias que querem aderir ao programa, a elegibilidade será determinada principalmente pela renda, localização da residência e histórico de pagamento de contas como aluguel, telefone, serviços públicos e seguro automóvel. Os candidatos também são obrigados a concluir um curso de certificação, o homebuyer.
Segundo
a NPR, alguns analistas apontam que, para que o programa seja um sucesso a
longo prazo, é necessário que haja um maior investimento em infraestrutura nos
bairros eleitos pela iniciativa.